Os danos materiais causados pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão na última sexta-feira, 11, devem superar US$ 100 bilhões, segundo uma reportagem do jornal “The New York Times”. O banco JP Morgan, citado pela agência Reuters, estimou que as perdas variem entre US$ 125 e US$ 200 bilhões.
Essas estimativas se referem ao valor das perdas na economia real. Não confundir com os 55,6 trilhões de ienes (US$ 691 bilhões) que o Banco do Japão (banco central) colocou à disposição do sistema financeiro desde a segunda-feira 14.
Uma coisa é o valor dos estragos materiais; outra é a variação do preço dos papéis no mercado financeiro, gerada muitas vezes pelo medo por parte dos investidores que ainda não são capazes de avaliar o que vai acontecer na economia japonesa. Por isso, a venda de ações ou títulos japoneses, num primeiro momento, pode ser exagerada e não corresponder às perdas materiais de fato causadas pelo terremoto.
Aqui vão dois indícios de que medo pode estar acima do justificável. Primeiro, a bolsa de Tóquio subiu 5,7% nesta quarta-feira, sinal de que muitos investidores avaliaram que a queda de 10,6% registrada na terça fora exagerada.
Segundo, na mesma reportagem do “NYT” uma porta-voz da seguradora Aflac afirma: “O mercado está procurando [vender] tudo o que esteja exposto ao Japão”. Essa empresa vende uma linha de seguros de saúde focada em câncer, mas (ainda) não mexeu suas projeções financeiras após o aumento do risco nuclear no Japão. Mesmo assim, as ações da companhia caíram 5,6% ontem. Ou seja, investidores vendem papéis por precaução, sem que as perdas da empresa tenham sido avaliadas.
Seja qual for o valor real do prejuízo econômico, a conta deve acabar pesando sobre o já endividado governo japonês. Seguradoras japonesas matem em conjunto uma resseguradora, a Companhia do Japão de Resseguros em Terremotos, que por sua vez é garantida pelo governo.