O Japão pode sofrer com mais terremotos nos próximos dias, decorrentes do abalo sísmico de grande impacto registrado na madrugada de hoje (11), no horário de Brasília. O terremoto, de 8,8 graus na escala Richter, atingiu a costa nordeste, próxima a província de Miyagi, cerca de 400 quilômetros da capital Tóquio, provocou um tsunami que deixou um cenário de destruição.
De acordo com o geólogo da Universidade Estadual de Campinas Rogério Marcon, depois de um terremoto de grande intensidade ocorre uma sequência de pequenos tremores, que pode durar semanas, até que as placas tectônicas se acomodem novamente. Segundo o pesquisador, os novos abalos, no entanto, devem ser menos intensos.
"Já ocorreram por volta de 70 terremotos de magnitude 6 [na escala Richter] que devem perdurar por dias ou semanas, até as placas [tectônicas] se acomodarem na nova posição.", explicou Marcon. Esses tremores são pequenos ajustes das placas, menores do que o registrado de madrugada. Um terremoto com essa mesma magnitude é difícil acontecer no mesmo ponto".
Responsável por um aparelho que conseguiu captar, no Brasil, as ondas emitidas pelo terremoto, o geólogo explicou que tremores de terras são frequentes na área chamada Anel de Fogo, onde está o Japão. Mas que, mesmo preparados para isso, o tsnunami ultrapassou as expectativas e pegou de surpresa a população rural.
O professor do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) Jorge França acrescentou que o impacto das ondas foi tão forte que ultrapassou diques construídos justamente para para contê-las. "Eles têm um sistema de preparo em quase toda a costa, mas que não conseguiu amortecer totalmente o impacto [do tsunami]. Ondas com altura maior que as barreiras passaram", afirmou.
Embora tenham sido registradas mortes e destruição em decorrência do abalo de hoje, os especialistas avaliam que o país toma medidas para proteger a população e a infraestrutura. O Japão é atingido por cerca de 20% dos terremotos acima de 6 graus registrados em todo o mundo.
"O Japão está preparado. Acompanhando o noticiário, observamos que poucos prédios caíram, ao contrário do que ocorreu no Haiti, no ano passado, que foi devastado. Nenhuma das construções deles, tampouco a população, estava preparada", afirmou o geólogo da Unicamp, ao lembrar da morte de pelo menos 200 mil pessoas no país do Caribe.
Há seis anos, um terremoto de 8,9 graus na escala Richter seguido por um maremoto deixou cerca de 230 mil mortos em 12 países banhados pelo Oceano Índico.