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Cenas fortes: vídeo captou queda de helicóptero que matou noiva

5 Jul 2017 - 20h26Por G1

Um vídeo inédito achado pelo irmão da noiva quatro dias após a queda do helicóptero em que ela estava, em São Lourenço da Serra, na Grande São Paulo, mostra o interior do helicóptero que levava a noiva Rosemeire Nascimento da Silva ao seu casamento. Os quatro ocupantes morreram no um acidente que chocou o país em dezembro de 2016.

O vídeo, que mostra o voo desde o início até a queda, já está sendo usado na investigação da Polícia Civil e da Aeronáutica. Para o advogado que representa os parentes dos mortos, as imagens apontam "erros crassos" do piloto. A empresa proprietária do helicóptero informou que não vai se manifestar. Abaixo nesta reportagem, leia o que dizem os advogados.

G1 mostrou as imagens para um especialista independente. Segundo o coronel da reserva da Aeronáutica Luís Lupoli, as imagens mostram possíveis erros cometidos pelo piloto Peterson Pinheiro nos momentos finais do voo (leia mais sobre a análise do especialista abaixo).

Além da noiva e do comandante, também estavam a bordo da aeronave o irmão de Rosemeire, Silvano Nascimento da Silva, e a fotógrafa Nayla Cristina Neves Lousada, que estava grávida de seis meses.

A câmera era levada pela fotógrafa e foi encontrada quatro dias depois por um irmão da noiva, que procurava pertences pessoais da família que teriam se perdido no local da tragédia. O equipamento foi entregue às autoridades dias depois.

O vídeo mostra o momento da decolagem, ocorrida no hangar da empresa proprietária do helicóptero, em Osasco, na Grande São Paulo, com sol e tempo aberto. Eram 16h de 4 de dezembro de 2016 e Rosemeire faria uma surpresa ao noivo, Udirley Damasceno, chegando voando ao buffet onde o casamento seria realizado.

Após 21 minutos de voo, o tempo fecha e há muita neblina. Pelo vídeo, é possível perceber que, nos quatro minutos e 45 segundos seguintes, o piloto enfrenta dificuldades para encontrar o local onde seria celebrado o casamento, o buffet de festas Recanto Beija-Flor, alugado pela família, e também para manter a aeronave estabilizada.

 
Helicóptero Robinson 44 caiu em São Lourenço da Serra com noiva e mais 4 pessoas em dezembro (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)Helicóptero Robinson 44 caiu em São Lourenço da Serra com noiva e mais 4 pessoas em dezembro (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Helicóptero Robinson 44 caiu em São Lourenço da Serra com noiva e mais 4 pessoas em dezembro (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

A pedido do G1, o coronel da reserva da Aeronáutica Luís Lupoli, que foi investigador no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), assistiu ao vídeo da câmera da fotógrafa.

O perito Luís Lupoli diz:

  • Em meio à neblina e às nuvens, o piloto altera o controle da aeronave, tentando manter a operação visual, mesmo estando em condições de voo e de operação por instrumentos, desorientando-se.
  • Na avaliação do perito, o piloto errou quando decidiu seguir voo a partir deste momento, apesar de o tempo ter fechado rapidamente.
  • Para o militar, as imagens mostram que o piloto estava desorientado espacialmente
  • Os registros do painel, em especial os equipamentos de horizonte artificial (uma linha azul, em 180 graus, que mostra se a aeronave está alinhada junto ao horizonte) e velocímetro, apontam que a aeronave virou várias vezes na diagonal, curvando-se acentuadamente para os dois lados e perdendo velocidade antes da queda.

Após analisar as imagens, o coronel Lupoli entende que é possível que o piloto não tivesse conhecimento para operar o helicóptero, um Robinson R44 Raven II, prefixo PR-TUN, em condições por instrumentos, pois realiza movimentos bruscos para tentar estabilizar a aeronave.

A aeronave que caiu só poderia ser utilizada, conforme seu registro oficial, para operações em condições visuais, em que o piloto usa referências visuais de solo, horizonte e tempo, e não apenas os instrumentos a bordo.

O que o piloto poderia fazer

O acidente ocorre nos 15 últimos segundos do vídeo, quando o helicóptero está quase tocando o solo à direita e o piloto, na tentativa de impedir a colisão, movimenta bruscamente, novamente, o manche para a esquerda.

“O certo seria subir para a altitude mínima de segurança da região que sobrevoava e ir para um aeródromo que operasse por instrumentos para realizar o pouso, ou até mesmo voltar para uma região que conseguisse operar em condições visuais”, aponta o oficial. “O piloto foi diminuindo a velocidade para tentar continuar o voo naquelas condições [de tempo fechado, neblina e chuva fraca]. Ele estava em condições de voo por instrumentos e, aparentemente, se desorientou ao tentar operar em condições visuais. Ele joga muito (a aeronave) para um lado e para o outro”, explica o coronel.

“Ele perdeu a orientação e o controle da aeronave. Quando ele bate para um lado e para o outro [o manche], com comandos abertos de um lado para o outro, a impressão que temos é que ele tentou corrigir para um lado e acabou perdendo o controle. Em uma situação em que ele começa a brigar muito com o helicóptero para mantê-lo voando, é a hora que ele deveria fazer o pouso”, salienta o ex-investigador, que aponta que o piloto deveria estar sob pressão para realizar o voo.

As imagens mostram ainda que, durante o voo, a fotógrafa Nayla questiona o piloto sobre se ele conhece o local do buffet onde o casamento seria realizado e se está seguindo o GPS para chegar ao local. Peterson Pinheiro responde que conhece a região e sabe como chegar.

Os advogados da família da noiva, de seu irmão e da fotógrafa estão analisando as imagens para entrar com um processo na Justiça contra a empresa Helicopter Charter Service do Brasil (HSC Táxi Aéreo), proprietária do helicóptero, e a Voenext, companhia que intermediou a compra do voo pela noiva. A defesa afirma que pedirá indenização por danos morais, pelas mortes, e danos materiais, pelos gastos do noivo com o casamento que não se realizou.

 
Destroços de helicóptero são vistos em meio à mata na Estrada da Barrinha em São Lourenço da Serra, Grande São Paulo. Uma noiva, o irmão dela, uma fotógrafa e o piloto também morreram no acidente, que se dirigia para um casamento (Foto: Tom Vieira Freitas/Fotoarena/Estadão Conteúdo)Destroços de helicóptero são vistos em meio à mata na Estrada da Barrinha em São Lourenço da Serra, Grande São Paulo. Uma noiva, o irmão dela, uma fotógrafa e o piloto também morreram no acidente, que se dirigia para um casamento (Foto: Tom Vieira Freitas/Fotoarena/Estadão Conteúdo)

Destroços de helicóptero são vistos em meio à mata na Estrada da Barrinha em São Lourenço da Serra, Grande São Paulo. Uma noiva, o irmão dela, uma fotógrafa e o piloto também morreram no acidente, que se dirigia para um casamento (Foto: Tom Vieira Freitas/Fotoarena/Estadão Conteúdo)

Para os advogados, o vídeo é prova inequívoca de erros do piloto na condução da aeronave. “As imagens mostram o desespero dos passageiros e o erro crasso do piloto. Ninguém está querendo tripudiar o erro do piloto, mas é possível ver que ele fica puxando os instrumentos e o manche sem perceber o perigo. Ele está dando cambalhotas e não sabia disso, ele não tinha ideia do que estava fazendo”, aponta o advogado das famílias, Fernando Henrique dos Reis, integrante da banca Josmeyr Oliveira Advogados.

“Iremos pontuar no processo que a empresa Voenext funciona como intermediadora e não tem autorização para fazer voos de traslados e de táxi aéreo, assim como a HCS, pois o helicóptero era registrado para uso privado. Isso só agrava mais a responsabilidade das empresas, que não poderiam efetuar este tipo de serviço. Além disso, o piloto era funcionário da HCS, há responsabilidade da empresa pelo serviço dos funcionários”, afirma o advogado.

Procurada pelo G1, a empresa proprietária do helicóptero, a HCS, informou que não iria se manifestar sobre a investigação. Já a companhia que intermediou o voo, a Voenext, disse que não cabe a ela analisar questões técnicas, que mostrou solidariedade e se colocou à disposição da famílias (leia mais abaixo sobre o posicionamento das empresas).

Tanto a empresa dona do helicóptero quanto a que intermediou o voo são investigadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), já que a aeronave estava registrada apenas para serviço aéreo privado e não poderia ser utilizada para táxi-aéreo ou serviço remunerado.

A câmera foi encontrada pelo familiar após a Polícia Técnico Científica e a Aeronáutica já terem feito perícia no local. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) ainda aguarda resultado de laudos para concluir sua investigação. O inquérito da Polícia Civil está sob sigilo de Justiça e também aguarda documentos e análises para ser finalizado.

 
Casal gravou vídeo para agradecer trabalho de produtora após ensaio para o casamento (Foto: Reprodução/Facebook)Casal gravou vídeo para agradecer trabalho de produtora após ensaio para o casamento (Foto: Reprodução/Facebook)

Casal gravou vídeo para agradecer trabalho de produtora após ensaio para o casamento (Foto: Reprodução/Facebook)

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