O Ministério da Agricultura suspeita que questões comerciais motivaram o governo russo a restringir temporariamente a importação de carnes (suínas, bovinas, aves e industrializadas) de oito frigoríficos brasileiros.
A alegação da Rússia é que os frigoríficos verificados não atendem seus critérios sanitários.
"É importante ressaltar que o Mapa cumpre as regras internacionais, especialmente para o mercado russo. Existem problemas de caráter temporal que às vezes ocorrem. Todas as questões levantadas são rotineiras. Se não há motivações sanitárias, existem também questões comerciais. O tamanho da medida não corresponde com a realidade", afirmou Luis Carlos Oliveira, diretor do departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal.
Ele criticou o tempo recorde com que os agentes sanitários russos elaboraram o relatório menos de cinco dias depois da visita. O secretário ficou surpreso pelo fato de o documento ter desconsiderado a reunião final entre autoridades daquele país e do governo brasileiro. Segundo ele, a impressão é de que o relatório já estava "rascunhado".
Para Oliveira, os frigoríficos brasileiros atendem ao acordo sanitário firmado com a Rússia. "Existem medidas adotadas pela Rússia que estão muito acima das regras internacionais. Tem medidas que nós implementamos apenas para atender o mercado russo", afirmou.
INSPEÇÃO
Neste mês, autoridades do governo russo inspecionaram 29 frigoríficos brasileiros, dos quais oito receberam restrição temporária e não poderão mais exportar para o país a partir do dia 30 de abril. Entre as empresas que foram atingidas, cinco são da BR Foods.
Outros oito frigoríficos ainda estão em análise e treze tiveram suas restrições renovadas.
O governo pretende responder até a próxima terça-feira as alegações do governo russo. O assunto deve ser tratado em missão brasileira à Rússia na segunda quinzena de maio.
O governo acredita que esse problema não afetará a relação comercial entre os dois países. A Rússia hoje é um dos principais importadores de carne brasileira.
O presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína), Pedro de Camargo Neto, afirmou que o tom do documento foi agressivo e que há dúvidas a serem esclarecidas. Ele esteve reunido hoje no Ministério da Agricultura para pedir um posicionamento do governo brasileiro.