Após oito dias de chuvas intensas que já afetaram 67.000 pessoas entre desabrigados, removidos e isolados, Mato Grosso do Sul vai decretar situação de emergência. A medida foi anunciada nesta quarta-feira pelo governador e pretende facilitar o trabalho de obtenção de recursos para obras de recuperação nos municípios atingidos.
O Secretário Nacional da Defesa Civil, Humberto de Azevedo Viana Filho, falou pela primeira vez com André Puccinelli desde o começo das chuvas intensas nesta tarde de quarta-feira (9). O governador disse que pretende enviar cestas básicas, adquiridas no limite legal para compras sem licitação, roupas doadas que a Defesa Civil tem em estoque, e água potável cedida pela Sanesul.
Entre as medidas de emergência anunciadas está também a autorização para pagamento de benefícios do Vale Renda referentes ao mês de fevereiro. Aquidauana será a cidade com mais benefícios liberados, num total de 1089 pagamentos. Ao todo, 4.199 famílias devem receber R$ 608.855,00 em Mato Grosso do Sul.
Até o momento, apenas Anastácio e Dois Irmãos do Buriti decretaram estado de emergência. Já estudam tomar a medida oficialmente ainda nesta semana Coxim, Paranaíba e Aquidauana. São todas cidades que sofreram com inundações causadas pela cheia em rios que cortam os municípios.
Já os municípios de Rio Verde de Mato Grosso, Ribas do Rio Pardo, Rio Brilhante, Sidrolândia e Maracaju também analisam a possibilidade de decretar situação de emergência por motivos diferentes. Eles registram problemas com isolamento de comunidades causada pela queda de pontes, além de prejuízos nas lavouras de soja e dificuldades com estradas destruídas pelas chuvas.
Em Campo Grande, o prefeito Nelson Trad ainda aguarda os relatórios sobre os estragos causados pelas chuvas intensas para definir se a Capital vai declarar estado de emergência. Córregos transbordaram e problemas de drenagem em vários pontos da cidade deixaram um rastro de prejuízos.
Rios cheios
Em Aquidauana e Anastácio, divididas pelo rio Aquidauana, o nível das águas ultrapassou os dez metros, medida atingida pela última vez somente em 1990, segundo a Defesa Civil. O rio Miranda também subiu e atingiu a marca dos 7,5 metros. Em Coxim, o rio Taquari chegou a 6,1 metros na segunda-feira (7), enquanto em Dois Irmãos do Buriti houve transbordamento também no rio Vermelho.
Já em Paranaíba, o estrago foi causado pela cheia nos rios Santana, Barreiro e Aporé, que divide MS de Goiás. O abastecimento de água potável do município ficou ameaçado depois que a cheia atingiu uma estação de abastecimento da Sanesul, mas o serviço já foi normalizado, segundo a empresa.
A Defesa Civil informou que ainda é impossível estimar o volume dos prejuízos. "Precisamos agora aguardar as águas baixarem para então contabilizarmos as perdas", explica o coordenador do órgão em MS, coronel Ociel Ortiz, do Corpo de Bombeiros. Segundo ele, o trabalho principal agora é atender aos desabrigados e auxiliar as prefeituras nos procedimentos burocráticos para obter recursos.
Segundo o Governo, com o decreto da situação de emergência pelo Estado os produtores rurais das áreas mais atingidas que possuem financiamentos poderão tentar refinanciamentos, prazos ou renegociações das dívidas. O governador não quis precisar quanto MS possui de reservas para enfrentar situações de emergência. "Quem quer saber esse número tem que ver no balancete que enviamos todos os meses para o Tribunal de Contas", esquivou-se.