A Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul) está orientando os produtores rurais do Estado a fazerem laudos técnicos sobre as perdas nas lavouras de soja provocadas pelas chuvas, já com vistas a um pedido de prorrogação do prazo de pagamento dos financiamentos contraídos para o cultivo da safra. A produção, que seria recorde, deve ser uma das piores da década, com as perdas provocadas por tantos dias chuvosos, que impediram a colheita.
A previsão anterior era colher 5,4 milhões de toneladas, mas, segundo estimativa do assessor técnico da Famasul, Lucas Galvan, o resultado esperado, agora, é pelo menos 30% menor. Ou seja, o estado deve colher 4 milhões de toneladas de soja, retrocedendo a patamares de 4 a 5 anos atrás.
Em termos de valores, o prejuízo estimado beira R$ 1 bilhão, considerando o que investido para cultivar as lavouras, a maioria expressiva dinheiro vindo dos financiamentos bancários, com destaque para o maior financiador da atividade agrícola, o Banco do Brasil.
É por causa dessa dívida contraída que a Famasul está orientando a confecção de laudos sobre as perdas. “O produtor pode fazer laudos individuais ou coletivos, desde que seja de uma assistência técnica, de engenheiro agrônomo”, explica Galvan.
Em São Gabriel do Oeste, já foi feito um laudo coletivo, que subsidiou a decretação de estado de emergência. A cidade calculou perda de 60% da safra da soja. Dos 40% restantes, ainda falta colher mais de 15%.
De acordo com o assessor técnico da Famasul, a região norte do Estado foi a mais prejudicada com relação às perdas na safra. Mas nem por isso a região sul, grande plantadora, vai ter colher a safra recorde esperada. Em muncípios como Maracaju, as perdas são calculadas em 40% a 50%.
Perdas duplas-Além da área perdida, onde o grão aprodeceu no campo, os produtores também vão perder na qualidade da soja colhida. “Isso vai fazer com que recebem menos na hora de concretizar a venda”, explica Galvan.
Não há nem a expectativa de que, com menos soja no mercado, os preços possam melhorar para alguns. É que isso só aconteceria se houvesse uma quedra de safra em todo o País, ou mesmo no mercado internacional, o que não está previsto.
Este ano, a cotação do grão está em média, mais de 40% acima da safra passada. Esse aumento estava gerando uma expectativa bastante para os sojilcutores do Estado de ter um positivo, o que, agora, aumenta ainda mais o sentimento de frustração.