Terra | 2 de fevereiro de 2012 - 13:49 Internacional

Brasileira é julgada na França por envenenar companheiro

A brasileira Denize Soares, 42 anos, será julgada a partir desta quinta-feira no Tribunal de Isère (sul da França) por ter envenenado em 2004 o seu companheiro francês, cujo corpo foi encontrado quatro anos depois enterrado em uma duna no Brasil, após uma longa investigação. Processada por homicídio, ela é suspeita de ter dado a Sèbastian, 31 anos, doses letais de cianeto e de ter escondido o seu corpo enquanto estavam de férias no Brasil, em agosto de 2004.

Denize viajou com a vítima e o filho do casal, de 18 meses, para apresentá-lo a sua família em Salvador (BA). Ela retornou à França três semanas depois sem o parceiro. A mulher contou aos sogros, com quem trabalhava em uma floricultura na cidade de Grenoble, que o filho deles "adorou o charme do Brasil e decidiu prolongar a sua estadia", antes de mudar diversas vezes a sua versão.

Os pais receberam vários cartões postais escritos pelo filho que, a investigação mais tarde revelou, foram enviados pela própria Denize dias depois do desaparecimento de Sèbastian. O casal também contou aos investigadores que a nora havia lhes mostrado um vídeo, no qual o filho falava sobre a sua intenção de se estabelecer no Brasil. As imagens, gravadas no dia 17 de agosto, dia presumido da morte de Sèbastian, mostravam o homem aparentemente sob o efeito de medicamentos.

Sem receber nenhuma ligação telefônica do filho por oito meses e sabendo de um saque de 10 mil euros de sua conta bancária, os pais de Sébastien foram para o Brasil em 2005. Após descobrirem que ninguém morava no endereço indicado e que todos no País pensavam que Sèbastian estava na França, prestaram queixa nas polícias francesa e brasileira, que iniciaram uma longa investigação de quatro anos.

Os agentes da polícia judiciária de Grenoble notaram que a acusada tinha retirado 34 mil euros das contas de seu companheiro sem ter procuração legal. Também revelaram transações "fraudulentas" ligadas a dois seguros de vida, que lhe renderam mais 50 mil euros.

Presa em setembro de 2006, Denize Soares foi posta em liberdade um ano depois por falta de provas e ausência de cadáver. Antes da prescrição do caso, em abril de 2008, um testemunho inesperado provocou uma reviravolta na investigação.

Um homem afirmou aos investigadores que um irmão de Denize confessou a ele ter ajudado a esconder o corpo de Sèbastian na areia. Com as indicações da testemunha, a polícia encontrou os restos mortais em uma área isolada em Salvador.

O irmão da acusada confessou à polícia que ela o pediu para comprar o veneno, que foi colocado na cerveja do companheiro. Depois, Denize pediu para que o irmão a ajudasse a esconder o corpo.

Denize Soares foi detida pela segunda vez e colocada em prisão preventiva. O irmão dela, que será julgado no Brasil por cumplicidade no crime, será ouvido no julgamento desta quinta-feira através de videoconferência.