douradosagora | 14 de novembro de 2011 - 16:04 Remédio natural

Ômega-3 pode ter propriedades antiepilépticas e anti-inflamatórias

 

Dois estudos brasileiros recentes indicam que o ômega-3 - família de ácidos graxos descobertos nos anos 1970 - pode ajudar no tratamento da epilepsia e no controle de inflamação crônica em casos de resistência insulínica.

Os dois trabalhos foram apresentados no XIV Congresso Brasileiro de Nutrologia em setembro, em São Paulo.

As propriedades anti-inflamatórias do ômega-3 em casos de resistência insulínica foram apresentadas pelo professor de pós-graduação de Medicina Antienvelhecimento da Universidade Paulista (UNIP), Jorge Jamili.

"Nosso DNA não se adaptou às mudanças comportamentais e alimentares dos últimos 80 anos, e os maiores causadores de óbito são obesidades, estresse e sedentarismo", explica.

Segundo o médico, devido a essas mudanças, o homem reduziu entre cinco e dez vezes o consumo de ômega-3, o que aumentou a predisposição para o desenvolvimento de doenças crônicas.

"A crescente prevalência de alimentos com alto índice glicêmico nas refeições faz com que os níveis de glicose e de insulina subam rapidamente após ingesta de alimentos, porém os níveis do primeiro caem muito mais rapidamente que os do segundo, criando resistência insulínica", esclarece.

Dessa forma, o organismo fica mais suscetível a inflamações crônicas - daí a importância da suplementação alimentar com ômega-3.

Suplementação com ômega-3

Para o médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Durval Ribas Filho, uma dieta rica em ômega-3 traz ainda melhora no ritmo cardíaco, reduz o nível de triglicérides e colesterol LDL no sangue e previne a formação de coágulos.

"Por ser conhecido há apenas algumas décadas, a Medicina ainda não desvendou todos os benefícios do ômega-3, mas ser chamado de 'gordura do bem' é justo", observa.

Segundo o médico nutrólogo, as principais fontes da substância são peixes de água fria, como sardinha, salmão, arenque, atum e anchova, mas já existem compostos suplementares eficazes.

"E a ciência já trabalha no desenvolvimento de alimentos naturalmente enriquecidos com ômega-3, como uma soja em aprovação nos Estados Unidos", completa.

Ômega-3 e epilepsia

Outro estudo apresentado no congresso destacou as propriedades antiepilépticas do ômega-3, apresentadas por Fulvio Scorza, do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo(UNIFESP/EPM).

A análise mostrou neurogênese em ratos após ingesta de ômega-3 - ou seja, nasceu mais massa cerebral, em comparação com o grupo de controle, sem ômega-3 - e registrou queda de 50% dos casos de crises epilépticas após ingesta de um grama por dia da substância.

Segundo Scorza, estudos internacionais já indicaram que o ômega-3 é importante para o desenvolvimento cerebral e de tecidos nervosos em pessoas, mas é a primeira vez que se observa neurogênese induzida pelo uso da substância.

"Esses resultados sugerem que pode ser indicada a suplementação alimentar com ômega-3 como antiepiléptico", ressalta. A epilepsia é um distúrbio cerebral provocado por descarga neuronal intensa e que produz disfunções motora, sensorial ou psíquica associadas à perda de consciência e convulsões.

Atinge 1% das pessoas em países desenvolvidos e o dobro desse índice nos países em desenvolvimento.(Isaude.net)