Revista Veja online | 26 de setembro de 2011 - 12:02

Concentração é a tendência entre universidades privadas

A Anhanguera Educacional anunciou no início desta semana a aquisição da Universidade Bandeirante (Uniban) por 510 milhões de reais. É um episódio em que gigante engole gigante. O movimento no segmento de ensino superior privado do Brasil deve se manter nos próximos anos, acreditam analistas, a tal ponto que, em 2016, segundo a consultoria Hoper Educacional, apenas 12 grupos deverão abocanhar metade do mercado hoje estimado em 28 bilhões de reais ao ano – atualmente, 16 empresas respondem por 30%. Mais importante é que, segundo especialistas em educação, a tendência pode provocar o aprimoramento dessas instituições. Em outras palavras, a qualidade do ensino que elas oferecem pode melhorar.

Compras vultosas não são uma novidade no segmento. Desde 2007, quando importantes grupos abriram capital na bolsa de valores, aquisições vêm se somando: foram 162 operações. Nesse período, a Anhanguera multiplicou por quatro seu número de estudantes, chegando a mais de 400.000. A tendência para o futuro próximo é de concentração, apostam os analistas. "A Anhanguera já manifestou interesse em atingir a marca de 1 milhão de estudantes. Esse é um dos sinais de que o mercado deve continuar aquecido", diz Marcos Boscolo, sócio da consultoria KPMG. A Hoper estima que mais de 150 fusões ou aquisições deverão ocorrer até 2013. "A tendência é que haja negociações entre os grandes grupos", afirma Ryon Braga, da Hoper. "Antes, as empresas de pequeno e médio portes eram alvo dos grandes grupos. Agora, as grandes miram as grandes."

O Brasil conta atualmente com 2.069 instituições de ensino superior privado, que abrigam 74% do alunato do país. O ponto de mudança nesse setor foi o ano de 1996, quando foi sancionada a lei que permitia a abertura de universidades com fins lucrativos. Até então, elas se restringiam à filantropia, como é o caso Pontifícia Universidade Católica (PUC). Seguiu-se, então, a criação dos grandes grupos, como as Faculdades Pitágoras, do grupo Kroton, quinto maior do país. Essas instituições passaram a atender uma demanda até então reprimida por cursos de nível superior, já que nem de longe as universidades públicas cuidavam dessa necessidade. O setor privado respondeu: entre 2002 e 2009, ele ampliou sua oferta de vagas em 55%, ante um crescimento público de 17%.