Folha.com | 13 de setembro de 2011 - 11:17

Brasil avalia que calote da Grécia é quase certo

O governo brasileiro acompanha "preocupado" os novos capítulos da crise na Europa e, nos bastidores, já vê muita dificuldade de a Grécia escapar de um calote.

Integrantes da equipe da presidente Dilma Rousseff falam em possível contágio de outros mercados europeus e não descartam um cenário extremo de quebra de bancos, citando a falência do Lehman Brothers em 2008.

Em meio a um forte nervosismo global sobre o futuro da Grécia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez nesta segunda-feira ao núcleo do governo um relato da situação externa. Afirmou, na ocasião, que as nações europeias em melhor condição fiscal devem ajudar demais países em dificuldades.

Citou, especificamente, França, Alemanha e Holanda, donas de um mercado "mais ativo" que os vizinhos.

Segundo Mantega, as "economias mais dinâmicas", são responsáveis pela retomada da expansão mundial.
"Sem esses países, não tem como estimular o crescimento", disse o ministro da interlocutores. Ocorre que esses mercados têm resistido à essa ideia.

Com dificuldade de refinanciar sua dívida, a Grécia vive uma forte crise fiscal, com risco de suspender o pagamento a seus credores e arrastar a Europa para uma crise semelhante à de 2008. Diversos bancos internacionais possuem títulos da dívida grega, por isso um eventual "default" naquela economia tem potencial para atingir o coração do sistema financeiro global.

A presidente Dilma Rousseff tem falado diariamente com Mantega sobre a situação na Grécia e em outros países na periferia da Europa.

Em tom de alerta, o ministro da Fazenda afirmou à sua equipe que "não se pode alimentar que uma profecia será realizada", e que não há outra solução que não passe pelo alongamento da dívida grega.

"Quando a confiança diminui, tudo fica mais difícil. Devíamos ter aprendido com a crise de 2008 que não se deve deixar banco quebrar, muito menos países", disse, referindo-se à falência do banco de investimentos americano Lehman Brothers, gatilho de uma das piores crises financeiras da história recente.

Apesar dos diagnósticos pessimistas no Brasil e ao redor do mundo, o Fazenda sustenta que o Brasil está menos vulnerável hoje do que estava em 2008. Apesar disso, prevê uma desaceleração das exportações nacionais e uma queda no investimento externo.