Estadão.com | 7 de setembro de 2011 - 12:04

Serviços: inflação ameaça mais a classe média, acostumada com mão-de-obra barata

Aumento da renda, maior mobilidade social e baixo desemprego aquecem a demanda por serviços no Brasil e quem mais sente o peso no bolso é a classe média. A inflação do setor já soma 8,92% em 12 meses até agosto, superior à alta de 7,23% apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O salário da empregada doméstica, por exemplo, subiu 11,8% no período. Quem usou uma empresa de mudança teve de pagar 26,4% a mais do que em agosto do ano passado. Já as diárias de hotéis tiveram reajuste de 14,7%.

 "Ao contrário dos alimentos, quem mais sofre com a inflação dos serviços é a classe média. O preço de estacionamento, por exemplo, acumula alta de 11,2% em 12 meses e médico subiu 10,5%", afirma Daniel Lima, analista da Rosenberg & Associados.

Um dos motivos para a alta dos preços de serviços é a falta de mão de obra no mercado, que vem garantindo aumentos reais de salários. Além disso, o setor não é beneficiado pela concorrência das importações mais baratas. "As expectativas de inflação começam a aumentar e consequentemente as pessoas reajustam os preços. Isso cria uma inércia inflacionária", afirma Lima. Esta inflação, segundo o especialista, está diretamente ligada à concessão de crédito, ao ritmo de crescimento da economia e ao nível de renda do trabalhador.