Revista Veja online | 25 de agosto de 2011 - 12:15

Sonda Wise descobre as estrelas mais frias do universo

Pesquisadores anunciaram a descoberta da classe mais fria de corpos celestes subestelares (anãs marrons) já encontrada no universo, a uma distância relativamente próxima (40 anos-luz) do Sol. A identificação foi possível graças ao visor infravermelho da sonda espacial Wide-field Infrared Survey Explorer (Wise), colocada em órbita pela agência espacial americana (Nasa), capaz de detectar o fraco brilho desses escuros astros conhecidos como estrelas anãs.  

Seis objetos com temperaturas que variam entre 25 graus Celsius a 175 graus Celsius foram identificados. Denominados de anãs Y, são os integrantes mais frios da família de "subestrelas" conhecida como anãs marrons – muitas vezes mencionadas como estrelas "falidas", por não possuírem massa suficiente para que átomos sejam fundidos em seus núcleos, impedindo a explosão vista em outras estrelas como o Sol (que brilha de maneira constante há bilhões de anos). 

"A Wise supervisiona todo o céu na busca destes e outros objetos, e foi capaz de ver sua luz débil com seu visor infravermelho de alta sensibilidade", disse Jon Morse, diretor da divisão de astrofísica da Nasa em Washington. "Essas estrelas são cinco mil vezes mais brilhantes nas longitudes de onda infravermelha da Wise, observadas do espaço, do que se fossem observadas da Terra."

Astrônomos se interessam por anãs marrons porque elas são capazes de dar pistas sobre a formação de astros e estrutura de planetas fora do Sistema Solar. Suas atmosferas são similares às dos planetas gigantes gasosos como Júpiter, mas mais fáceis de serem observadas porque estão sozinhas no espaço - longe da forte luz de uma estrela mãe.

Até agora, a Wise descobriu mais de cem anãs marrons. A sonda realizou o estudo mais avançado do céu em longitudes de onda infravermelha até o momento. “Encontrar anãs marrons perto do Sol é como descobrir que há uma casa escondida em nosso quarteirão”, afirmou Michael Chushing, pesquisador do Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, da Nasa, autor do artigo sobre a descoberta publicado no periódico científico especializado Astrophysical Journal. “É emocionante para mim saber que tenho vizinhos lá fora para serem descobertos.”