Campo Grande News - Paula Vitorino | 5 de agosto de 2011 - 16:44

Com acidentes de trabalho acima da média do país, MS terá 35 mil vítimas em 2011

O crescente número de acidentes de trabalho ano a ano em Mato Grosso do Sul deixou em alerta o SRT (Superintendência Regional do Trabalho), que estima 35 mil vítimas até o fim de 2011. O prognóstico tem como base os dados do primeiro semestre, com 8.272 acidentes.

O número de vítimas representa aumento de 19,24% em relação ao mesmo período de 2010. Campo Grande representa cerca de 25% das ocorrências.

Para a SRT, os dados chamam a atenção para a necessidade de medidas emergências com o objetivo de evitar que os números alcancem percentuais ainda maiores em 2012.

O Estado está acima da média nacional de acidentes, segundo o superintendente da SRT, Anisio Pereira. “Isso pode ser ligado ao fato de nosso Estado também estar acima da média no desenvolvimento econômico. Mas esse fator não justifica o índice alto de acidentes”, ressalta.

Em todo o Brasil, os gastos com as vítimas de trabalho representam 4% do PIB (Produto Interno Bruto), um montante de R$ 147 bilhões destinados ao pagamento dos trabalhadores afastados e a perda no âmbito de produção.

A OIT (Organização Mundial do Trabalho) estima que 6.300 pessoas morram ao dia por causa de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho. Já as ocorrências de vítimas não fatais são de 270 milhões diariamente.

Os dados alarmantes foram apresentados na manhã desta sexta-feira (5) durante reunião do SRT com representantes de diversos setores ligados a segurança do trabalho. De acordo com a superintendência, o estopim para o encontro foram as duas mortes em uma semana, no mês de julho, de trabalhadores da construção civil em Campo Grande.

“As mortes nos fizeram refletir sobre a necessidade de buscar parcerias para a redução destes acidentes e das responsabilidades que cabem ao Ministério do Trabalho”, frisa o superintendente do SRT, Anisio Pereira.

Com isso, o órgão quer aumentar as fiscalizações e a qualificação dos trabalhadores, já que o superintendente considera a falta de treinamento como uma das principais causas para os acidentes.

“Essa tarefa cabe ao Poder Público, mas também aos empresários e a toda a sociedade civil. Todos devem respeitar e cumprir as normas de segurança, trabalhando como agentes fiscalizadores também”, frisa.

Setores - O levantamento da SRT revela que o setor da pecuária é o com mais número de acidentes de trabalho, sendo 1.183 no ano de 2009 – 413 destes aconteceram na criação de gado.

A estatística do mesmo ano destaca outros quatro setores com maior número de acidentes: Frigoríficos – 1809, Construção Civil – 820, Sucroalcooleiro - 581 e saúde – 538.

Apesar de não ser o setor com mais vítimas, os trabalhadores da construção civil estão entre os acidentes mais graves. Este ano foram 3 mortes. Para o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil em Construção Civil, Samuel Freitas, falta fiscalização por parte dos órgãos responsáveis.

“Nós estamos sempre conscientizando, mas o SRT tem o poder da autuação, mas são apenas quatro fiscais para o Estado”, frisa.

De acordo com o superintendente, a próxima etapa da reunião realizada hoje será encontros com representantes de cada categoria com mais acidentes. “Vamos discutir com cada categoria para buscar junto a elas a realidade de cada setor, só assim poderemos definir as causas e o nível de gravidade em cada profissão”, afirma Anisio.