Folha.com | 27 de julho de 2011 - 13:04

Defensor da criogenia morre aos 92 anos e tem corpo congelado

Robert Ettinger, considerado um dos defensores da criogenia para corpos humanos, para que no futuro seja ressuscitado com os avanços da ciência, faleceu no sábado (23) aos 92 anos nos Estados Unidos.

O corpo do fundador do movimento, como era esperado, foi imediatamente congelado no Instituto de Criogenia de Clintown Township (Michigan), fundado por ele em 1976.

Em 1964, Ettinger publicou "The Prospect of Immortality" ("Uma Perspectiva de Imortalidade"), inédito no Brasil, mas traduzido em vários países.

Desenvolveu nesta obra a tese, segundo a qual "era possível conservar o corpo indefinidamente", de modo que um dia "a ciência médica pudesse reparar os problemas causados pela doença e a própria criogenia".

Escreveu ele: "Haverá um dia no qual nossos amigos, do futuro, poderão nos fazer reviver e nos tratar."

Ettinger, professor de física, ficou famoso nos Estados Unidos nos anos 1960 e 1970 ao aparecer em programas de maior audiência da televisão americana.

Nascido em 1918, participou da Segunda Guerra Mundial na Bélgica, durante a qual ficou gravemente ferido. Hospitalizado vários anos, foi submetido a transplantes de osso, na perna.

A técnica inovadora atraiu a atenção sobre a tecnologia médica do futuro, segundo seu filho.

Cento e seis corpos estão congelados, atualmente, no Instituto de Criogenia, que possui 900 membros no mundo inteiro, com associações de apoio na Rússia, Austrália e na Alemanha.

Para ser conservado indefinidamente, paga-se US$ 28 mil. O corpo é mergulhado em uma mistura de nitrogênio líquido em temperaturas baixas, de forma que não ocorra a decomposição das células.

Atualmente, o processo já dá certo com embriões: óvulos fecundados podem ser armazenados com boas chances de sobreviver a um descongelamento, cerca de 60%.

Autor de vários outros livros ainda não traduzidos como "Man into Superman" (1970) e "Youniverse" (2009), Ettinger repousa agora ao lado de sua mãe e de duas esposas. Deixa para a posteridade uma associação dedicada à educação e à pesquisa sobre a criogenia.

A criogenia é um assunto comum na ficção científica, estando presente em filmes como "2001: Uma Odisséia no Espaço", que já falava sobre o tema no final da década de 1960.

Produções mais recentes também abordam essa matéria, como "Austin Powers: Um Agente Nada Discreto" (1997), "Eternamente Jovem" (1992) e "A.I. Inteligência Artificial" (2001).