SÍLVIO DE ANDRADE / LUGARES | 13 de setembro de 2021 - 17:06 BONITO - MS - RESTAURAÇÃO CONTINUA

Cleir fala como tudo começou e detalha restauração do Monumento das Piraputangas em Bonito (MS)

Cleir iniciou a fase de recuperação da pintura das esculturas buscando sempre a tonalidade natural da espécie. Fotos: Silvio de Andrade

As duas esculturas em argamassa de piraputangas – espécie de peixe abundante nos rios cristalinos da Serra da Bodoquena – saltitando na Praça da Liberdade, um dos cartões postais de Bonito, estão sendo revitalizadas pelo seu autor, o artista-plástico campo-grandense Cleir Ávila, pintor e escultor de grande relevância em Mato Grosso do Sul.

A recuperação do monumento, deteriorado pelo tempo, faz parte das ações da prefeitura local para embelezar a cidade, que comemora 73 anos de fundação no próximo dia 2 de outubro. Cleir desenvolve também um longo trabalho criativo em Arapongas (PR) enquanto atende ao chamamento da prefeitura de Bonito para recuperar uma de suas tantas obras no Estado.

“A obra de revitalização das piraputangas é de extrema importância, pois é um dos nossos cartões postais. O cuidado com essa obra mostra o respeito pela cultura do nosso povo e pela nossa cidade”, destacou o prefeito de Bonito, Josmail Rodrigues.  

Inaugurado em agosto de 2007, o Monumento das Piraputangas sofreu danos estruturais ao longo dos anos, como rachaduras e perda de suas cores vibrantes. Segundo Cleir, o problema maior está na parte operacional do chafariz, cujas águas dão banho nas esculturas. “Vinha ocorrendo uma espécie de choque térmico associado a presença de água calcárea”, explica.

Monumento em argamassa armado com oito metros fica na Praça da Liberdade, centro da cidade de Bonito

Processo de cores

O artista plástico já orientou o setor de manutenção da praça para corrigir a pequena falha: evitar que as esculturas fiquem totalmente expostas ao sol durante o dia e recebem água dos chafarizes somente à noite, quando ocorre o choque térmico. Outro problema é a questão climática. “Com água permanente evitamos a deterioração das peças”, acrescenta.

O artista-plástico tem prazo até o fim de setembro para concluir seu trabalho. Após a recuperação da estrutura das escultures, Cleir, apoiado por alguns colaboradores, dentre os quais Débora Figueiró, iniciou a fase que requer sua experiência e dom artístico: a pintura. Para ser fiel às cores naturais das piraputangas ele foi aos banhados observar as espécies.

Estrutura das esculturas: rachaduras. Foto: Divulgação

Nessa fase do trabalho, como explica o artista, terá algumas etapas de pintura, que passará pelas cores vermelho e marrom, utilizadas como base a fim de obter a diversidade de tons necessária e chegar ao resultado final. De beleza extrema, a piraputanga tem a predominância da cor dourada em suas nadadeiras e a vermelha na cauda.

Cidade dos Pássaros

Autor de várias obras de artes (esculturas e painéis) em 11 cidades de Mato Grosso do Sul, Cleir Ávila, 57 anos, está empenhado nesse momento em criar um projeto de grande apelo artística e cultural na cidade paranaense de Arapongas, a Cidade dos Pássaros. Onde ele está colocando em prática toda sua criatividade para a construção de esculturas de pássaros.

Seu novo desafio profissional consiste em criar 13 grandes esculturas de pássaros e aves das espécies araponga, arara-vermelha, andorinha, gaturamo, rouxinol, gralha-azul, flamingo e pavão. As criações tem seu simbolismo: serão instaladas nas ruas que levam os nomes dos pássaros. Arapongas será a cidade com o maior acervo do artista em todo o Brasil.

Autodidata, Cleir pinta profissionalmente desde os 18 anos com temas regionais e ecológicos, principalmente a natureza pantaneira. Entre seus monumentos mais conhecidos em Campo Grande estão a Praça das Araras, os Tuiuiús do aeroporto, o Sobá da Feira Central, a Deusa da Justiça no Fórum, as araras azuis na avenida Gury Marques e pinturas em prédios da Capital.