Revista Veja online | 20 de julho de 2011 - 17:02

Pesquisadores desenvolvem superfície ideal para o cultivo de células-tronco adultas

Cientistas da Universidade de Glasgow e Southampton, no Reino Unido, elaboraram uma nova superfície que pode impulsionar a produção de células-tronco adultas. Formada por 120 reentrâncias em nanoescala, constitui o ambiente ideal para a proliferação celular. 

O trabalho, descrito em um artigo da Nature Materials, mostra que o novo método pode baratear e resolver de forma simples um problema que há tempos aflige cientistas. Atualmente o cultivo de células-tronco adultas (encontradas em diferentes locais do corpo e que não possuem função determinada, podendo se transformar em algumas células especializadas) em laboratório não produz resultados muito promissores. O procedimento tradicional usa superfícies de plástico padrão e é impulsionado pela imersão de soluções químicas que ajudam a aumentar o rendimento. Contudo, boa parte da cultura não se transforma nas células-tronco desejadas, inviabilizando o uso terapêutico. 

A nova técnica preserva as características de células-tronco desejadas pelos cientistas. “Até agora, foi muito difícil produzir células-tronco em número suficiente e mantê-las como células-tronco para o uso em terapias”, ressalta Matthew Dalby, responsável pela pesquisa na Universidade de Glasgow. “O que nós mostramos é que esta nova superfície com nanoestruturas pode ser usada de forma muito eficaz para culturas de células-tronco tiradas de fontes como a medula óssea, e que podem então ser colocadas em uso no músculo esquelético, ortopédico e tecidos conjuntivos.”

Os pesquisadores agora estão realizando novos testes para verificar se a mesma estratégia funciona bem em culturas de outros tipos de células-tronco. Se for possível, o método é o primeiro passo para o desenvolvimento de grandes fábricas de células-tronco que poderiam ajudar no tratamento de doenças como o diabetes, a artrite, o Alzheimer e o Parkinson. “Estamos muito animados com as possíveis aplicações da tecnologia, e já começamos a pensar como fazer esta superfície comercialmente viável”, ressalta Dalby.

“Entender como as células-tronco são afetadas por seu ambiente é a peça-chave para apreciar como elas podem ser cultivadas em quantidades suficientes para serem usadas em pesquisas ou como terapias”, ressalta Douglas Kell, diretor-executivo do Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC), conselho britânico que financia trabalhos de biociência. “Esta pesquisa mostra que a superfície física em que as células são cultivadas podem realmente afetar sua biologia fundamental.”