Dourados News/Minha Vida | 13 de julho de 2011 - 11:32

Otimismo em excesso pode aumentar riscos de saúde

Um estudo feito pela área de neurociência da University College London, no Reino Unido, afirma que ser excessivamente otimista pode ser desastroso. Otimismo demais faz com que a pessoa crie falsas expectativas e submeta a sua saúde a riscos.

Os pesquisadores entrevistaram moradores de três mil domicílios. Enquanto faziam perguntas sobre as expectativas que eles tinham para o futuro em aspectos como saúde, dinheiro e qualidade de vida, eles registravam as atividades cerebrais dos voluntários.

Ao final do estudo, foi concluído que aproximadamente 80% das pessoas acham que o futuro será melhor, que jamais terão câncer, irão se divorciar ou perderão o emprego. Também pensaram que viveriam até 20 anos a mais do que a expectativa de vida de cada um sugeria.

Os estudiosos afirmam que esse tipo de atitude esperançosa pode levar a enormes erros de cálculo e fazer com que as pessoas não façam exames de saúde, não apliquem protetor solar ou não abram uma poupança, por exemplo.

Para os neurologistas, o otimismo é a formação de imagens mentais no cérebro, nas mesmas regiões em que ficam as lembranças, ou seja, a projeção do futuro é, muitas vezes, feita em comparação com o passado.

Para os profissionais da psicologia e psicanálise, ser muito otimista é como fugir da realidade. Eles afirmam que o problema, na verdade, está nesse otimismo que é fantasia, que serve como um mecanismo de defesa para evitar o sofrimento e, dessa forma, imaginar uma realidade que não existe.

O ideal, portanto, é o equilíbrio. Ser otimista na medida certa pode trazer diversos benefícios à saúde, porém não devemos deixar os pensamentos positivos serem a única cura e método preventivo para doenças.

Otimismo: aprenda a jogar nesse time e colha os benefícios

Você já se perguntou se o otimismo tem o lugar que merece em sua vida? Nós sabemos que esse tema é um pouco controverso. Mas, o que seria exatamente uma pessoa otimista? "É aquela que tem a disposição interna de enxergar o lado bom em tudo e sempre acredita numa solução favorável a qualquer situação", define a psicóloga Sylvia Sabbato especialista em psicodrama. "O otimismo se manifesta também na maneira que a pessoa tem de encarar as adversidades. Tudo o que a pessoa vê ou passa durante a vida é filtrado por esse seu estado otimista de ser", aponta a especialista.

Os que criticam afirmam que o otimismo costuma fazer parte de uma ilusão de "vida perfeita" tornando-se, por sua vez, uma espécie de fuga da realidade. O otimismo benéfico não pode ser uma visão errônea de que tudo é perfeito e não há problemas. Ele deve ser baseado no que é real. O otimismo deve ser uma forma positiva de enfrentar os problemas dentro das possibilidades reais. "Caso contrário, realmente é uma fuga, um mecanismo de defesa", ressalta a psicóloga Samia Maluf. Na opinião da especialista, o otimismo é uma forma muito benéfica, em todos os sentidos: emocional, mental e orgânico.

Otimistas vivem mais

O pensamento positivo é um aliado da longevidade. Estudos recentes da Universidade de Kentucky e de Yale, nos Estados Unidos, constataram que pessoas otimistas apresentam uma maior expectativa de vida, podendo viver cerca de 6 a 10 anos a mais do que as pessoas negativas.

Quer usufruir desses benefícios? A psicóloga Sylvia Sabbato afirma que para isto, seria necessário aprender a ser otimista. Quem não traz essa característica como herança genética ou psicológica familiar pode aprender a ser otimista imitando os exemplos, convivendo com pessoas otimistas e até se submetendo a tratamentos psicológicos.

Outro estudo publicado no jornal da Associação Americana de Psicologia concluiu que os idosos otimistas apresentam menor declínio físico e se mantêm saudáveis por mais tempo do que aqueles que não têm essa característica. É importante cultivar esse estilo de ver a vida nessa faixa etária, principalmente porque ele gera boas emoções e favorece novas ideias.

Jovens com mais autoestima

Uma pesquisa publicada na revista científica Pediatrics mostra que o otimismo em jovens protege contra a depressão, pois confere mais autoconfiança e diminui os pensamentos negativos.

"É muito importante que o otimismo, a sensação de que tudo vai dar certo, esteja presente na vida desses jovens. É isso, além da maturação biológica e da vida em família, que vai garantir que o jovem não se envolva com drogas, álcool e situações de risco. O jovem otimista se vê vencedor no futuro e busca esse caminho", adverte a psicóloga Sylvia Sabbato.

Segundo o neuropsiquiatra Paulo André Issa, o otimismo é uma das armas para lutar contra a depressão e também de preveni-la, pois evita o estresse que é um dos principais precursores desta doença. Entretanto, o especialista ressalta que não se pode afirmar que somente o otimismo será garantia de não desenvolver depressão, pois a doença é multifatorial. Para desenvolver este quadro, há a interferência de diversas causas, entre elas a influência genética.