Folha.com | 30 de junho de 2011 - 15:17

Custo para fazer carro no Brasil é 60% maior do que na China

O custo de produção de um carro no Brasil é 60% maior do que na China, considerando modelos equivalentes com motorização 1.3 a 1.5, segundo estudo sobre a competitividade do setor divulgado nesta quarta-feira pela Anfavea (associação das montadoras).

Índia e México, com custo 5% e 20% superior, respectivamente, foram os outros dois países avaliados nesse comparativo pela consultoria PricewaterhouseCoopers, responsável pelo levantamento.

A mão de obra é uma das responsáveis por essa diferença, custando 5,3 euros por hora, incluindo na conta os encargos sociais. O valor é mais do dobro do registrado no México (2,6) e muito acima do contabilizado na Índia (1,2) e na China (1,3).

Questionado, o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, não quis mensurar o peso das despesas com o trabalhador no custo final de um carro. "Vai depender de cada montadora."

A solução proposta pela associação ao governo federal, ao qual o estudo foi apresentado nas duas últimas semanas a vários ministérios, é investir em inovação, o que inclui engenharia, tecnologia de produtos e processos e pesquisa de materiais de origem local para a produção.

"O caminho que encontramos foi a oportunidade por meio da inteligência automotiva. Não adianta pedir redução do imposto sobre o aço, do custo do dinheiro", afirmou Belini, citando entraves à competitividade sempre lembrados pelo setor em ocasiões anteriores.

O preço do aço foi outro item analisado na pesquisa, sendo 40% superior no Brasil ao valor encontrado no México, na China e na Índia.

POLÍTICA INDUSTRIAL

A expectativa da Anfavea é fazer parte da nova política industrial que está sendo elaborada pelo governo. De acordo com o presidente da entidade, um grupo foi formado com representantes dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fazenda e Ciência e Tecnologia para avaliar o estudo do setor.

A projeção é que, caso haja esse incentivo à inovação, o saldo comercial entre importações e exportações possa voltar a ser equilibrado até 2016.

Perguntado sobre o interesse das montadoras que já anunciaram a instalação de fábricas no Brasil ou expansão nos próximos anos, apesar dos dados desfavoráveis em relação a outros países, Belini disse que a atração se justifica pelo mercado consumidor interno e seu potencial de crescimento.

A perspectiva é que as vendas cheguem a 3,69 milhões de veículos (automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões) neste ano, com crescimento de 5% ante 2010, e a 6 milhões em 2020.

Apesar do horizonte positivo, o executivo destacou que a produção deve crescer 45% no comparativo entre 2005 e a projeção para o fechamento de 2011 (3,42 milhões de unidades), enquanto os licenciamentos terão expansão de 115% no mesmo intervalo.