DA REDAÇÃO | 7 de agosto de 2019 - 16:48 'É o único tempo que eu tenho'

No intervalo de obras, pedreiro toca trombone que ganhou de vizinhos em MS

Foi no intervalo de duas horas que o pedreiro e estudante de música encontrou tempo para colocar em dia as atividades musicais e treinar canções, ao lado da obra em que trabalha, em Campo Grande.

Raphael Clementino Martins, de 25 anos, há dois, cursa música na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e chamou atenção dos moradores de um condomínio que ao saber que o jovem usava um instrumento emprestado da instituição, decidiram fazer uma 'vaquinha' para presenteá-lo com um novo trombone.

"É o único tempo que eu tenho e é embaixo de uma árvore, que treino todos os dias para pegar prática e fazer as atividades do curso que exige muito treino. Saio de casa às 6 da manhã e volto quase todos os dias às 23h", disse o pedreiro.

Pedreiro aproveita intervalo de obra para estudar trombone, no centro de Campo Grande. — Foto: Lucas Matto

O estudante que é casado e que há 1 ano levava o trombone da universidade para o canteiro de obras, agora pode comemorar por ter o próprio instrumento depois da ação dos moradores: "Fiquei tão feliz pela generosidade deles que agora não tem mais desculpa para não estudar", explica.

Raphael conta que algumas pessoas o abordam após o verem tocando e acham interessante o local que escolheu para estudar. O jovem que se prepara para uma atividade na instituição, afirma que precisa estar "afinado" para executar duas canções: "É a opção que encontrei para me dar bem e tenho que aproveitar".

A publicitária Elizangela Roberto, de 38 anos, diz que ficou curiosa ao ouvir todos os dias o som do instrumentista e chegou a questionar uma vizinha qual era o morador 'artista': "Começamos a procurar quem era a pessoa que tocava aquelas belas canções e ao descobrir que era um pedreiro, não perdi tempo e fui procurar conhecê-lo", lembra.

Elizangela conta que a síndica do prédio é que informou por meio de um grupo de WhatsApp o responsável pelas canções e ao conhecer a história do pedreiro músico, não pensou duas vezes em ajudá-lo.

Momento em que Raphael recebe trombone de moradores de condomínio, em Campo Grande. — Foto: Elizangela Roberto

"Fui até o local com o meu filho e encontrei o Raphael. Quando soube da história que aquele instrumento era da universidade e que precisava estudar todos os dias, falei com os vizinhos e fizemos uma vaquinha para comprar um novo trombone", relembra.

O estudante Lucas Matto Grosso conta que ao chegar a casa da mãe para almoçar, ficou surpreso com o som do jovem e decidiu conhecê-lo: "Quando fui colocar o carro na garagem eu olhei para esquerda e tinha um cara tocando um trombone. Achei aquilo meio estranho, mas me deu até vontade de descer e ir lá cantar com ele", relembra ao risos.

Segundo Matto Grosso, a mãe do rapaz é fã do pedreiro e que todo os dias na hora de refeição é sagrado ficar ouvindo-o: "E agora, depois de comer, eu deito e fico escutando esse cara tocando para ele e para todo mundo. É gratificante!", finaliza