Morre jovem de 19 anos atacada pelo ex-companheiro com ácido sulfúrico
Morre jovem de 19 anos atacada pelo ex-companheiro com ácido sulfúrico
Morreu, na noite da quinta-feira (25), a jovem Mayara Estefanny Araújo, de 19 anos, que teve o corpo atingido por ácido sulfúricojogado pelo ex-marido e por um amigo dele na Zona Norte do Recife. A vítima estava internada no Hospital da Restauração (HR), no Centro da cidade, desde 4 de julho. (Veja vídeo acima)
Acusados pelo crime, William César dos Santos Júnior, de 30 anos, ex-companheiro da jovem, e o amigo dele, Paulo Henrique Vieira dos Santos, de 23 anos, estão presos.
A unidade de saúde informou, nesta sexta-feira (26), que a jovem foi vítima de três paradas cardíacas e faleceu às 22h06. Além de ter o rosto e o pescoço atingidos pelo ácido, Mayara também teve os cabelos, o tórax e os membros superiores atingidos pela substância.
O velório e o sepultamento deverão ocorrer em Limoeiro, no Agreste do estado, município em que vive a família da mãe dela.
Mayara Estefanny teve rosto queimado pelo ex-marido, no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo
Vida interrompida pelo machismo, diz mãe
Lamentando a morte de Mayara, a mãe da jovem, Carla Maria, pede que o ex-marido da vítima seja punido. "Espero que a justiça agora seja feita", diz.
O tio de Mayara, Elpídio Gomes, conta que foi todos os dias ao Hospital da Restauração. "A gente tava na esperança de que ela viesse para casa, né? A gente fez faixa e tudo, tá lá guardada, para dizer que Mayara voltou, mas infelizmente não deu", diz. Segundo ele, a avó de Mayara foi sepultada na quinta.
Carla Maria é mãe de jovem atacada com ácido sulfúrico no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo
Na quinta (25), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) havia indiciado o ex-companheiro de Mayara e o amigo dele por tentativa de homicídio qualificado. Por meio de nota enviada nesta sexta (26), o MPPE disse que, com o fato novo, será requisitada a documentação que determina a causa da morte.
Caso seja comprovado que a ação dos dois levou à morte da vítima, explica o Ministério Público, o promotor responsável pode alterar a denúncia para que eles respondam por homicídio qualificado consumado.
Quadro clínico
Segundo a chefe da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HR, Fátima Buarque, Mayara se recuperava de forma satisfatória e sua morte foi uma surpresa para a equipe do hospital.
"Nós não esperávamos. Ela foi submetida a uma traqueostomia, que ocorreu de forma satisfatória. À noite, sem nenhum motivo aparente, ela teve a primeira parada cardíaca, mas foi reanimada. Fizemos exames e estavam todos dentro da normalidade. Ela, então, teve outra parada e na terceira, não retornou mais. Foi, realmente, uma fatalidade", afirma.
Ainda segundo Fátima Buarque, Mayara estava sedada, mas retomava a consciência aos poucos. A equipe mantinha a sedação para que ela não caísse da cama ou puxasse os tubos.
"Estou muito triste por isso, porque ela vinha numa recuperação muito boa. Isso abala não só a mim, mas a toda a equipe. Foi uma situação triste para todo mundo, porque foi uma mulher agredida dessa maneira. É o desfecho que nós não queríamos", diz Buarque.