IZABELA JORNADA / CORREIO DO ESTADO | 27 de junho de 2019 - 16:46 BODOQUENA - MS - ÁGUA TURVA

Desvio de nascente pode acabar com turismo de Bodoquena (MS)

FOTO: DIVULGAÇÃO

Suspeita de desvio de nascente para abertura de poço artesiano é a principal causa de água suja no Rio Salobra, o maior responsável pelo turismo da Serra da Bodoquena. De acordo com diagnóstico feito pela equipe do Instituto do Homem Pantaneiro (IHP) a situação é gravíssima, pois poderá prejudicar o turismo local. “Não vai atingir só a Boca da Onça, mas o turvamento daquela água vai prejudicar todo metiê turístico; o Refúgio Canaã e Refúgio da Ilha também, fora os demais empreendimentos”, alertou o biólogo Sérgio Eduardo Barreto.

A suspeita precisará ser periciada ainda. De acordo com o biólogo, outra desconfiança é de que fazendeiros do local possam ter desviado a nascente para irrigação de plantações. “Mas tudo isso precisa ser investigado. Identificamos um grave problema que precisa ser resolvido logo”, declarou Barreto.

A maior preocupação é com a cor da água e a seca do rio. Com a água turva, turistas não procurarão mais o local. O desvio da nascente acarreta seca no trajeto do rio que acaba desaguando no Salobra. Com isso, a vegetação do caminho está praticamente morta e quando chove, os sedimentos não encontram filtro e acabam sendo despejados no leito e indo para o fundo do rio, resultando na mudança das características. “Impacto gigantesco, muda coloração, muda biodiversidade e isso pode levar ao prejuízo coletivo de todos que dependem desse rio”, reforçou Barreto.

O biólogo disse que pediu informações ao Refúgio Canaã e a Boca da Onça sobre a situação do Rio Salobra e de acordo com Barreto, ele se encontra limpo e com o leito baixo. A justificativa é de que estamos em período de estiagem, mas que qualquer chuva, “não precisa ser forte”, poderá tornar o rio turvo. “O problemas é que poderá demorar de duas a três semanas para ele voltar ao normal”, declarou.

Barreto explicou também que em outras ocasiões, o rio já tinha ficado turvo, porém, quando chovia muito, mas que a cor natural voltava em, no máximo, 24 horas. “Precisamos visitar o rio em período chuvoso, mas é preciso fazer algo, porque a tendência é só piorar”, alertou. O receio de Barreto é de que a situação de Bodoquena se assemelhe com o que aconteceu no Rio da Prata, em Bonito.

A área em que o instituto identificou o problema faz parte da bacia do Miranda. O IHP chegou até essa região por meio de projeto que eles realizam na cabeceira e que faz parte da bacia do Alto Paraguai. “E também da Rede de Proteção da Serra, projeto a partir desse que diagnosticamos as áreas de atenção das nascentes e identificamos os problemas da região”, finalizou Barreto.

BODOQUENA 

O Parque Nacional da Serra da Bodoquena, criado em novembro de 2000, com 76.400 ha, é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A Serra da Bodoquena, situada na borda sudoeste do Complexo do Pantanal, no estado do Mato Grosso do Sul, é um dos mais interessantes ecossistemas do Pantanal. É formada pelas cidades de Porto Murtinho, Bonito, Jardim, Miranda e Bodoquena.