Revista Veja online/Agência Estado | 28 de junho de 2011 - 13:02

Carros terão piloto automático em até dez anos

Daqui a dez anos, é bem possível que os congestionamentos estejam ainda maiores, mas a tarefa de enfrentá-los será delegada aos próprios carros. Na semana passada, sete protótipos de veículos automatizados foram apresentados na Suécia provando que um piloto automático inteligente, que dispensa o controle dos motoristas em retas ou por breves períodos de tempo, é uma ideia promissora e viável. As criações são do consórcio HAVEit (siga em inglês para Highly Automated Vehicles for Intelligent Transport ou Veículos Automatizados para Transporte Inteligente), formado por 17 montadoras, fabricantes de autopeças, centros de pesquisa e universidades. Com o patrocínio da União Europeia, o consórcio trabalha há mais de três anos com o objetivo de tornar o transporte mais seguro.

Um protótipo com sistema capaz de assumir temporariamente certas funções do condutor em congestionamentos de longas distâncias chamou atenção. Há três formas de explorar os recursos. O condutor pode usar a assistência que alerta se o carro passar a faixa de segurança em relação ao veículo da frente. O piloto semiautomático, por sua vez, dispensa o uso do freio ou acelerador. No terceiro caso, o sistema também permite que o carro se mova sozinho a uma velocidade pré-determinada (até 130 quilômetros por hora).

"Não é um carro robotizado: o motorista mantém a responsabilidade de condução e está sempre no controle", adverte Jürgen Leohold, diretor executivo do grupo de desenvolvimento da Volkswagen, responsável pelo protótipo. Uma câmera instalada no veículo detecta a ‘distração’ do condutor e o programa computadorizado faz um sinal de alerta. Segundo Leohold, um carro assim, altamente automatizado, pode estar nas ruas em até dez anos. Veículos completamente automatizados, no entanto, podem chegar ao mercado em apenas vinte anos.

Caminhões e ônibus — Os sistemas apresentados pelo HAVEit podem ser adotados em veículos de diversos fabricantes, embora com aplicações diferentes. Além disso, tecnologias criadas por diferentes empresas de câmeras e radares, freios elétricos, scanners a laser, sistemas de comunicação e softwares, também podem ser adaptadas a caminhões e ônibus.

A HAVEit apresentou também um sistema para caminhões em que um piloto automático pode ser ativado nos congestionamentos e que controla os movimentos do veículo. Se o trânsito melhora, o programa avisa o caminhoneiro para que ele reassuma o controle da direção. Um ônibus que combina recursos semelhantes a um sistema menos poluente também fez parte da apresentação.

Menos acidentes — O desafio de desenvolver tecnologias e integrar novos conceitos aos já existentes tem como objetivo tornar os veículos mais seguros e confortáveis, reduzindo o número de mais de 1,2 milhão de mortes que ocorrem anualmente em acidentes de trânsito no mundo todo. Sistemas desenvolvidos para reduzir a emissão de poluentes também acompanham as pesquisas, em atenção aos efeitos da poluição em longo prazo. Ao todo, 28 milhões de euros já foram gastos com os projetos do HAVEit.

Para os críticos, sistemas como o do HAVEit fornecem brechas para a distração: diante de um programa que alerta para possíveis ameaças, o condutor pode não dar a devida atenção à estrada. Mas os pesquisadores acreditam que máquinas cometem menos erros do que o ser humano. Pesquisas indicam que 90% dos acidentes são causados por erro do motorista, 30% pela condição das estradas e apenas 10% por problemas nos veículos.