CORREIO DO ESTADO | 4 de novembro de 2018 - 12:48 AÇÕES DO GOVENO DO MS

Obra emblemática para desenvolvimento e turismo recebe R$ 17,6 milhões em asfalto do governo do MS

Estrada ecológica recebe R$ 17,6 milhões em asfalto, Obra é considerada emblemática para desenvolvimento e turismo

Obra chega a trecho de difícil acesso, mas pavimentação corta o vale cercado pela Serra de Maracaju e o Rio Aquidauana - Foto: Edemir Rodrigues

O asfaltamento de 18,4 km da MS-450, a estrada ecológica que interliga os distritos de Palmeiras, Piraputanga e Camisão, nos municípios de Dois Irmãos do Buriti e Aquidauana, segue enfrentando os desafios naturais não previstos no projeto e as chuvas, que são frequentes na região. O governo do Estado investe R$ 17,6 milhões na obra considerada emblemática para o desenvolvimento das comunidades do entorno e do turismo.

A MS-450 é classificada como estrada ecológica e integra a Área de Proteção Ambiental (APA) de 10 mil hectares, criada em 2000. O complexo e diversificado ambiente exigiu uma intervenção monitorada pela Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), que contratou um arqueólogo para realizar estudos em áreas com incidência de sítios arqueológicos. Vários fragmentos do período pré-indígena foram encontrados no trecho.

Com 55 km de extensão, do trevo com a BR-262 ao centro de Aquidauana, a rodovia é o principal acesso aos distritos, privilegiados pelos recursos naturais situados no entorno dos paredões de arenito da Serra de Maracaju, ambiente esse cortado pelos trilhos da antiga ferrovia e pelo Rio Aquidauana. O local é muito visitado por pescadores e amantes de esportes radicais, como trilhas e escaladas, e conta com estrutura de hotéis, pousadas e pesqueiros.

 
 
 
 

MUSEU
O levantamento arqueológico contratado pelo Estado faz parte do licenciamento ambiental da obra da MS-450. A pavimentação é executada em várias frentes, obedecendo às restrições impostas pelos indícios de ocorrência de registros deixados por antigas civilizações que ocuparam o lugar. Os trechos em estudo situam-se no pé da morraria, onde a estrada é estreita e exigirá intervenções de risco, como a remoção de grandes blocos de pedras.
Com mais de 30 anos de experiência, o arqueólogo Gílson Martins, 65, realiza o minucioso trabalho ao longo de 2,5 km dentro da faixa de domínio da estrada, onde encontrou fragmentos deixados por vários grupos da civilização pré-histórica, como os caçadores-coletores. Entre as peças, encontradas em escavações a apenas 40 centímetros do solo rochoso, estão ferramentas de pedra e uma fogueira, com carvões que datam 3 mil anos.
“São testemunhos da ocupação de um lugar muito interessante, palco de vários cenários históricos, como a chegada da ferrovia, a exploração do garimpo de diamante, que, preservados, podem contribuir com a memória local e o turismo”, afirma o arqueólogo. Ele vai propor um plano de manejo dos sítios, que se revelam no grande vale entre a serra e o rio. “A amostragem que se apresenta sugere a criação de um museu a céu aberto”, antecipa Martins.

DESAFIOS

As chuvas atemporais não são o único obstáculo natural para a pavimentação da MS-450. Trechos da estrada que circundam a morraria exigem da engenharia solução para situações imprevistas, como a presença de rochas aflorando na pista e a necessidade de deslocamento de blocos de pedras. Os canais naturais de vazão de água pluvial também mudaram a concepção do projeto, aumentando os custos com um complexo sistema de drenagem.

“Estamos trabalhando com a menor interferência possível no pé do morro, detonação só em último caso”, informou Eduardo Toscano, engenheiro da Construtora Marins, responsável pela obra. Segundo ele, já foram executados 9 km de asfalto, e os 80 operários trabalham agora no estreito da morraria. O Estado iniciará em novembro a construção da ponte de concreto de 40 metros sobre o Córrego das Antas, no valor de R$ 1,7 milhão, em Piraputanga.