DA REDAÇÃO | 14 de junho de 2018 - 13:24 TRILHOS

MS tem 16% da malha ferroviária inoperante e prejuízo milionário

CNI cobra a reativação ou a devolução do trecho

A empresa ferroviária Rumo Malha Oeste tem 321,5 quilômetros  dos 1.973 quilômetros que administra, em Mato Grosso do Sul e São Paulo, inutilizados, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O total representa 16,3% da malha da empresa, que nos últimos três anos registrou prejuízos de R$ 512,6 milhões.

O estudo, denominado “Transporte ferroviário: colocando a competitividade nos trilhos”, aponta que “a configuração da malha ferroviária brasileira, após a privatização, implica que determinadas concessionárias sejam bastante dependentes da interconexão, basicamente para que o fluxo de mercadorias captadas por essas ferrovias tenha acesso aos portos do País”.

No caso da ferrovia administrada pela Rumo Malha Oeste, dos 797 milhões de toneladas de produtos que foram transportadas em 2016, 120 milhões de toneladas passaram por malha ferroviária de outras concessionárias, o que representa 15% do volume transportado. A CNI avalia como intermediário esse porcentual de participação do tráfego mútuo ou direito de passagem.

O levantamento apontou também que 321 quilômetros estão inutilizados, representando 16,3% de toda a malha de 1.973 km, que passa pelas cidades de Três Lagoas, Campo Grande e segue até Corumbá. É o trecho entre Campo Grande e Ponta Porã que foi desativado em 2002 e até agora não foi conseguido o viabilizar por demandar investimento muito alto em sua recuperação. O porcentual da ferrovia inoperante é inferior à média nacional, que ficou em 30,6% dos 28.218 quilômetros de trilhos do País.

A solução, de acordo com a CNI, passa pela inclusão nos novos contratos de concessão de “critérios e prazos para que tenham uma das seguintes destinações: reativação pelo atual concessionário, devolução do trecho para nova licitação ou desativação definitiva”.

Sem condições de investir na recuperação da ferrovia por ter prejuízos seguidos nos últimos anos – foram R$ 141,7 milhões de saldo negativo em 2015; já em 2016 o deficit somou R$ 183,8 milhões; e ano passado alcançou R$ 187,1 milhões, totalizando R$ 512,6 milhões –, a Rumo Malha Oeste encabeça um projeto para viabilizar a Ferrovia TransAmericana, que vai interligar os portos dos oceanos  Atlântico e Pacífico.

CNI

O trabalho integra uma série de 43 documentos sobre temas estratégicos que a entidade entregará aos candidatos à Presidência da República, com a sugestão de que o caminho para a superação dos gargalos no setor passa pelo aumento da conectividade do sistema, do tamanho da malha e da velocidade média dos comboios.