Estadão.com | 14 de junho de 2011 - 10:03

Jornal americano diz que crédito fácil que impulsionou o Brasil o coloca em perigo

O Brasil aparece em uma matéria de capa da edição impressa desta segunda-feira, 13, do jornal The Wall Street Journal (WSJ), com o tema: o risco inflacionário trazido pelo estímulo do crédito no País.  Segundo o jornal, "o mecanismo que ajudou a nação a se tornar um player global em carnes, petróleo e mineração está colidindo com outra política imperativa: a de combate à inflação".

De acordo com a matéria, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Central estão indo em direções opostas. Enquanto o BNDES segue com força nos financiamentos, o BC teve que subir os juros na semana passada pela quarta vez este ano, para 12,25%, o nível mais alto entre as principais economias do mundo. "O governo está tentando esquentar e esfriar oBrasil ao mesmo tempo", disse Marcos Mendes, economista e conselheiro do Senado, ao WSJ.

O debate sobre a abordagem do BNDES aumenta conforme o Brasil começa a ver números de crescimento econômico menos favoráveis, diz o jornal, com projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano sendo reduzidas para a faixa de 3,5% a 4,%.

O jornal questiona ainda quanto do financiamento do BNDES acaba sendo utilizado para ajudar companhias brasileiras a adquirirem empresas fora do País. "Como o Brasil se beneficia quando a JBS compra uma empresa americana que vende comida para consumidores americanos? Isso não impulsiona nossas exportações", questionou o economista Mansueto Almeida na entrevista ao WSJ.

Em contrapartida, o texto reconhece que ficará difícil o BNDES reduzir muito seu papel, tendo pela frente a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. "Estádios e outras facilidades terão que ser construídos. O governo também quer modernizar energia, estradas e ferrovias", observa o jornal, citando ainda o projeto para o trem-bala entre São Paulo e Rio.