"Suicídio! Precisamos falar sobre isso."

“Parece simplesmente não existir nenhuma luz no fim do túnel.”

“Nada mais parece fazer sentido, há apenas uma dor tão pesada que carrego, e que não consigo mais suportar…”

“Não aguento mais viver assim, eu gostaria de viver, mas não assim…”

“Não há mais nada que eu possa fazer, seria melhor morrer…”

Necessitamos nos dias atuais falar abertamente sobre suicídio, como ferramenta para a prevenção da ocorrência do mesmo.

A Psicologia exerce papéis de intervenção e promoção para diversos problemas psicológicos, como: distúrbios mentais, ansiedade, depressão, TOC, desequilíbrio emocional, entre outros. Contudo, nesta matéria meu objetivo é de tratarmos o tema suicídio e minimizar os tabus sobre o mesmo.  Mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. Esse cenário estatístico preocupante motivou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a colocar o tema como prioridade na agenda global de saúde pública, incentivando os países a adotarem estratégias de prevenção com abordagem multisetorial, de forma a quebrar estigmas e tabus que ainda persistem.

Na grande maioria dos casos de suicídio, as pessoas não haviam buscado ajuda profissional para tratar dos anseios e desejos de morte. O que poderia ser evitado na maior parte dos casos, se as pessoas com tendências suicidas, tivessem em tratamento e acompanhamento em terapia, com um profissional de psicologia. 

Bem como quando necessário somado a um psiquiatra também, para maior eficácia no tratamento. Reconheço que, falar sobre suicídio é muito desafiador para qualquer psicólogo ou profissional de saúde mental. Parece que, semelhante a tantas outras situações de vulnerabilidade psicológica, para as quais preferimos olhar apenas em segredo, o silêncio funciona somente como mais uma “máscara” que visa esconder uma realidade de profunda dor, misturada com sentimentos de vergonha, estigma e diferença … oferecendo, mais uma vez, pouca ou nenhuma ajuda útil, para pessoas que já possuem traços e desejos de ideação suicida.

Por isso, gostaria de por momentos, convidá-lo/a a retirar essa máscara, e a vestir o papel de um/a espectador/a atento/a, a uma realidade tão presente nas ditas sociedades modernas. Senão repare: apenas num único ano, cerca de um milhão de pessoas no mundo tiraram a sua própria vida – aproximadamente uma morte a cada 40 segundos – e provavelmente há 4 milhões que o tentam fazer! O suicídio encontra-se entre as 10 primeiras causas de morte, sendo que por cada suicídio ocorrem 11 tentativas sem sucesso.

Cerca de 20% das pessoas que tentam suicidar-se, se não procurarem ajuda especializada, repetem essa ação no prazo de um ano, aumentando a probabilidade de eventualmente morrerem por suicídio. Cerca de 10 % de todas as tentativas de suicídio são mortais. Só em Portugal, a taxa de suicídio dobrou na última década, de cerca de 600 para mais de 1.200 casos por cada ano. Dá que pensar, não é? Até porque, embora os números referidos pareçam deveras assustadores e difíceis de aceitar, a possibilidade de escolher por fim à sua própria vida, pode afectar, em alguma medida, a cada um de nós, ou tão importante quanto isso, pode envolver uma pessoa que nos é tão querida, independentemente da idade, condição socioeconómica ou localização geográfica.

Portanto, caso você mesmo tenha esses desejos de tirar a própria vida, pensamento sobre suicídio, até já chegou a tentar fazer o ato em si. Ou conhece algum ente querido, amigo que apresentem esses sinais. Busque uma ajuda especializada, com um profissional de saúde mental como psicólogo e psiquiatra. Não deixe de lado sua saúde mental, você pode ter uma ajuda. Todo caminho escuro tem sempre uma luz no final dele. Basta querermos enxergá-la, e muitas vezes não conseguimos vê-la sozinhos.

Dr. Igor Henrique Fabro Cabrera.

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