Folha.com | 3 de junho de 2011 - 15:44

Bactéria E. coli pode ser transmitida de pessoa para pessoa, diz OMS

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou nesta sexta-feira que a letal bactéria intestinal E. coli Enterohemorrágica (EHEC) pode ser transmitida de pessoa para pessoa, seja através dos sedimentos ou por via oral. O surto matou 17 pessoas na Alemanha e uma na Suécia.

"Este tipo de transmissão nos preocupa e, por esta razão, queremos que se reforcem as mensagens relativas à higiene pessoal", declarou a epidemiologista da OMS, Andrea Ellis.

Ellis afirmou que, neste caso, é crucial lavar bem as mãos após ir ao banheiro e antes de tocar nos alimentos.

A epidemiologista confirmou ainda que, por enquanto, todos os casos estão relacionados de alguma forma com o norte da Alemanha, mantendo a exposição à bactéria limitada a essa área.

O norte da Alemanha concentra 95% dos casos, 1.213 de E. coli Enterohemorrágica (EHEC), com seis mortes; e 520 da Síndrome Hemolítico-Urêmica (SUH), com 11 mortes. A SUH é um sintoma mais grave da doença, causado por uma toxina específica desta variedade de E.coli que destrói hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal.

Há ainda uma vítima na Suécia, que morreu após viagem ao norte alemão, e outros 610 contaminados em 11 países.

O EHEC tem um período de incubação médio de três a quatro dias e a maioria de pacientes se recupera em dez dias. Mas em uma pequena parte dos pacientes principalmente crianças e idosos, a infecção pode levar ao SUH, com um risco de mortalidade entre 3% e 5%, segundo dados da OMS.

O SUH é a causa mais comum de insuficiência renal grave em crianças e pode causar complicações neurológicas em até 25% dos pacientes e deixar sequelas.

ORIGEM

Em entrevista coletiva, Ellis mencionou que um aspecto incomum deste surto é o grande número de casos de SUH e também o fato de que os adultos sejam os mais afetados, quando normalmente não é o grupo de maior risco.

Além disso, comentou que o maior impacto está entre as mulheres por supostamente tenderem a consumir mais vegetais crus em saladas, e acredita-se que é ali onde está a origem da bactéria.

"O mais provável é que neste caso o modo de transmissão seja através dos alimentos, mas não sabemos qual. E isto também não significa que não possa ser outra coisa", enfatizou, após explicar que a água, o contato com animais ou com pessoas infectadas também são outros modos conhecidos de transmissão.

De outro lado, precisou que a variante da bactéria letal que circula na Alemanha tinha sido vista já no ser humano, mas sempre de maneira esporádica e nunca em situações de epidemia.

A especialista reconheceu que "há algo nesta bactéria que a torna particularmente virulenta", mas ainda não se decifrou o que é.

ANTIBIÓTICOS

Ellis ressaltou ainda que a OMS desaconselha a administração de antibióticos em pacientes diagnosticados com a bactéria, porque podem piorar a situação e aumentar as chances de uma cepa resistente a medicamentos.

Já os antidiarreicos desaceleram o trânsito intestinal, o que faz com que a absorção da toxina liberada pelo E. coli seja maior.

"Se houver casos particulares nos quais o médico familiar achar apropriado [usar antibióticos], então provavelmente há boas razões para isso. Mas, no geral, não queremos que as pessoas usem antibióticos que estão em casa sem uso", disse Ellis.

Questionada se este surto epidêmico é passageiro, Ellis respondeu apenas que é muito cedo para afirmar.