Diário MS | 3 de junho de 2011 - 15:35

Estiagem prolongada ameaça lavouras de milho

Agricultores de Mato Grosso do Sul que apostam no milho safrinha como alternativa de ampliar a rentabilidade do campo podem sofrer novos prejuízos. A estiagem prolongada aparece como uma ameaça e pode reduzir a produção deste ano.

Dourados, por exemplo, está há um mês sem chuva. A estiagem também se repete em diversos municípios do sul do Estado, já que a precipitação de chuva foi baixa na maior parte das cidades durante todo o mês de maio. A situação tem impacto direto nas lavouras de milho.

De acordo com o Sistema Clima/MS da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados choveu somente seis milímetros no dia primeiro de maio, ou seja, 5% da média histórica de 32 anos, que é de 113 milímetros para o mês.

“A situação é ruim para o milho, mas não é inédita. Nos anos de 1981 e 1989, os meses de maio também tiveram registros com menos de 10 milímetros”, afirmou o pesquisador do sistema, Ricardo Fietz.

Segundo o pesquisador no ano de 2006, não choveu do dia 16 de abril até 18 de maio. Em 2009, chegou há ficar 34 dias sem chover. Períodos em que é comum essa falta de chuva, fator que altera a umidade, tanto do ar quanto do solo.

UMIDADE

A umidade está em 25% no solo douradense para que o milho se desenvolva. “O ideal é que ela esteja acima de 50%”, alerta o pesquisador. Ele ainda lembra que devido às chuvas de abril, o índice estava ideal no começo de maio, mas foi caindo gradativamente.

Por conta da seca a umidade relativa do ar também tem sido afetada. Em Dourados ela não chegou a ficar abaixo do índice considerado de risco pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 30%. O dia com o ar mais seco foi 19 de maio, com o índice de 32%.

O mesmo não é vivido por cidades da região, três municípios atingiram 29% de umidade relativa do ar, foram eles: Maracaju e Rio Brilhante no dia 24 de maio, e Ivinhema em 31 de maio.

Institutos de Meteorologia nacionais e internacionais prevêem chuva para a semana que vem na região de Dourados. As previsões indicam que ela deve chegar entre o dia sete e nove de junho e depois do dia 12. O que é esperado com ansiedade pelos produtores de milho.

LAVOURAS

“Ainda não temos estragos significativos, mas sabemos que está tendo uma redução na produtividade. Mas, é mais uma apreensão, porque o desenvolvimento está satisfatório. A expectativa agora é de que venha logo essa chuva”, disse Bruno Tomasini, presidente da Aeagran (Associação dos Engenheiros Agrônomos da Grande Dourados).

Para o produtor e tesoureiro do GPP (Grupo Plantio na Palha), Lúcio da Malha, a estratégia para tentar driblar o tempo seco com mais tranqüilidade, é seguir a risca as recomendações técnicas. “Tem que plantar na época certa, a variedade correta e de alguma forma elevar a matéria orgânica” afirmou.

O zoneamento agrícola para este ano indicava o dia 10 de março, como o prazo ideal para o plantio do milho. Mas, por conta do atraso na colheita da soja, ele foi atrasado para o dia 20 de março. Malha plantou no dia 18, mas afirma que a boa correção do solo tem ajudado a lavoura dele.

Há seis anos o produtor planta milho em consórcio com braquiária para que seja mantida melhor umidade do solo. “É uma alternativa que traz benefícios com o tempo. No primeiro ano tem perda, mas nos anos seguintes há ganho de produtividade no milho e na soja”, afirma da Malha.

PRODUÇÃO

Em Dourados, foram plantados 80 mil hectares de milho, destes pelo menos 37,5% foram plantados fora do prazo determinado pelo zoneamento agrícola.

A rentabilidade esperada para este ano é de 3,6 mil quilos por hectare, abaixo da média do Estado que espera uma produtividade de 4,1 mil quilos por hectare. Em Mato Grosso do Sul foram plantados 908 mil hectares.