Top Mídia News | 3 de julho de 2017 - 07:03 "MOVIMENTO MS INDEPENDENTE"

Movimento separatista quer tranformar MS em um novo País

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Há um ano, um grupo em Campo Grande criou um perfil no Facebook propondo a independência de Mato Grosso do Sul do resto do país. A justificativa seria uma economia melhor e a separação seria de forma pacífica, ao contrário da maioria dos movimentos ocorridos no mundo. 

Intitulada de 'Movimento MS Independente', o grupo propõe que o atual estado de Mato Grosso do Sul seja uma nação livre e independente. A ideia foi inspirada em outros movimentos separatistas como a Catalunha, que quer se separar da Espanha e dos países bálticos.  

O rompimento, conforme a página, seria feito de forma pacífica, ao contrário do que muitas pessoas imaginam, diz um dos posts. ''Não pretendemos pegar em armas para a liberdade, ou ódio ao Brasil, ou bairrismo ou qualquer outra coisa'', disse um dos administradores da página, Lucas Coldebella, 24.

Ele diz que o movimento está no início e conta somente com as publicações da página, que tem o objetivo principal de quebrar o tabu de que secessão é se isolar. 'Pelo contrário, secessão é somente uma independência econômica e legislativa'', explicou Lucas.

O administrador garante que não há influência de nenhum político no movimento e nem pretende se envolver com política. 

(Independência de MS será pacífica, garante administrador - Foto: Reprodução) 

Um dos argumentos mais utilizados em sua campanha é o aspecto econômico. Lucas diz que MS é superavitário em relação ao Brasil, mas o retorno em serviços vai muito além da riqueza que o estado gera ao pais. 

Em um dos posts, há uma comparação entre estados e o sul e o resto do pais. A tabela, feita por um grupo separatista do sul do País, com informações do relatório de Análise da Arrecadação das Receitas Federais de 2016, mostra que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul arrecadaram R$ 167.765.541,093 naquele ano, mas a taxa de retorno ficou em torno de 20%, ou seja, R$ 34.189.662, ao passo que Alagoas arrecadou somente R$ 3.631.550.736 e surpreendentemente teve uma taxa de retorno de R$ 220%, com R$ 8.006.511.518.

O texto sugere que alguns estados, nesse caso o Sul, ‘’carregam nas costas’’ outras unidades da federação. 

((Tabela mostra relação de arrecadação de impostos x retorno - Fonte: Receita Federal)

Sobre Mato Grosso do Sul, a tabela mostra que o estado arrecadou R$ 6.754.384.183, mas teve de retorno de 64%, ou R$ 4.307.658.590.  Na nova nação, explica Lucas, o país precisaria apenas de uma economia livre, pois um território não depende apenas de recursos naturais ou do setor primário.

Ele cita o caso da Suíça, que não possui nenhuma riqueza natural, ‘’apenas montanha e gelo’’, com  ’economia livre. Além disso, ele destaca que  empreendimento flui e a Suiça é o terceiro país mais capitalista do mundo’’. 

Ainda segundo os organizadores, MS tem tem uma qualidade de vida superior à média nacional, cujo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dados de 2010, é 0,730, ao passo que a média brasileira naquele ano foi de 0,699, ou seja, MS tem índice bom, semelhante ao da Sérvia (0,735), país que se separou de Montenegro em 2006. 

O grupo usa a decadência do futebol sul-mato-grossense, que segundo eles ocupa a 21 posição no ranking da CBF, para mostrar como seriam os novos conceitos econômicos do novo pais. 

A ideia seria transformar MS em um paraíso fiscal, com nenhum ou pouco imposto e isso atrairia investidores estrangeiros para o esporte local, que comprariam times a preços baratos e fariam investimentos pesados aqui. A liga de futebol seria totalmente privada, sem nenhuma obrigação com o estado, e como consequência a qualidade do futebol aumentaria, além da maior circulação de dinheiro, gerando emprego e renda, algo que o estado não é capaz de fazer. 

(Grupo quer independência e diz que estados são 'colônias de Brasília - Foto: Reprodução)

Segundo Lucas Coldebela a ideia de separação ainda é nova e o grupo ainda não possui detalhes de como será a nova bandeira ou hino. Porém, na página há sugestões dos próprios administradores, sendo que o nome mais cotado seria Maracaju. 

Até um mapa político do novo país já foi postado e traz Campo Grande como distrito federal e os estados com suas respectivas capitais, sendo Taquari (Coxim), Aquidauana (Aquidauana), Pantanal (Corumbá), Bodoquena (Bela Vista); Cassilândia (Chapadão do Sul); Dourados (Dourados); Iguatemi (Ivinhema); Nova Andradina (Nova Andradina); Paranaíba (Aparecida do Taboado) e Três Lagoas (Três Lagoas). 

As diversas postagens trazem uma série de críticas ao modelo atual, sendo que MS hoje é considerda por eles como uma ‘colônia de Brasília'’. As publicações trazem também artigos em favor da separação. 

A página tem poucos apoiadores, mas que são grandes entusiastas da ideia. Uma mulher, ao comentar uma imagem aérea e noturna de Campo Grande diz: ‘’Linda Capital e longe da corrupção de Brasília’’. 

Em meio ao culto da separação, aparecem críticos que abrem um debate maior sobre a questão. Um internauta postou: ‘’Vocês são todos loucos. A roubalheira política continuará igual, mesmo que cada estado brasileiro vire país pois a ignorância do povo será sempre a mesma que atende aos interesses dos poderosos’’.