Folha.com | 27 de maio de 2011 - 09:41

Defesa de Pimenta Neves diz que não vai pedir prisão domiciliar

Os defensores do jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, 74, decidiram que, por enquanto, não vão solicitar à Justiça que ele cumpra prisão domiciliar.

"Não posso pedir só porque ele tem idade avançada. Preciso estar bem embasada para isso", afirmou a advogada Maria José da Costa Ferreira à Folha nesta quinta-feira.

Segundo ela, só na próxima semana a defesa vai analisar essa possibilidade.

Assassino confesso da ex-namorada Sandra Gomide, 32, Pimenta Neves chegou ontem ao presídio de Tremembé (147 km de SP), onde deverá cumprir pena de 15 anos, caso não haja mudança de regime.

Hoje, a defensora esteve com o jornalista na penitenciária e disse que ele aparentava estar melhor do que quando foi preso, anteontem. "Fiquei feliz de saber que, assim que chegou ao presídio, foi atendido por uma médica e que ele recebeu remédio para pressão alta", afirmou.

Pimenta Neves divide a cela com outros quatro detentos. Antes de ser transferido para a penitenciária de Tremembé, o jornalista passou uma noite no 2º DP do Bom Retiro. "Ele não conseguiu nem dormir porque a cela estava muito suja. Ficou com medo que ratos mordessem ele durante a noite enquanto estivesse dormindo", declarou a advogada.

A Polícia Civil diz que, apesar da alta rotatividade da cela, o ambiente não estava tão sujo quanto a advogada disse estar.

  Apu Gomes/Folhapress   Pimenta Neves, 74, deixa delegacia de SP e é levado para penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo

CASO

Condenado a 15 anos de prisão pela morte de Sandra, há 11 anos, Pimenta Neves está preso desde a noite de terça. Ele se entregou à polícia após o STF (Supremo Tribunal Federal) negar, por unanimidade, o último recurso dele e determinar sua prisão imediata.

Ele passou a noite no 2º DP, no centro de São Paulo, e foi levado ontem ao presídio de Tremembé (147 km de São Paulo).

De acordo com a a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), ele ficará isolado por até 15 dias e vai cumprir pena inicialmente no regime de observação, no qual só recebe a visita de advogados. Segundo a SAP, ele não receberá tratamento diferenciado dos demais detentos: vai usar uniforme padrão, calça cáqui e camiseta branca.

Depois, será encaminhado para uma cela com outros quatro detentos. A cela acomoda até seis pessoas, pois dispõe de três beliches, e mede 16 m2. Ela é equipada com TV e chuveiro frio --no presídio há banheiro coletivo com chuveiro quente, mas só é liberado com prescrição médica.

De acordo com o delegado Waldomiro Milanesi, da Divisão de Capturas da Polícia Civil, que atuou na prisão do jornalista, ao ser abordado pelos policiais, Pimenta Neves disse que já tinha uma mala pronta há cerca de um mês e pediu permissão para levar alguns livros.

As obras escolhidas foram "Vigiar e Punir", de Michel Foucault (que fala sobre punição e legislação penal), "O Deus Selvagem", de A. Alvarez (que fala sobre suicídio), "Sermões", de padre Antônio Vieira e um livro de Shakespeare, que o delegado não identificou.