Campo Grande News | 28 de abril de 2017 - 09:34 TRABALHO ESCRAVO

Homens que viviam com porcos e galinhas são resgatados de fazenda

Divulgação

Ação do Ministério Público do Trabalho com o Ministério do Trabalho e Emprego e Polícia Militar Ambiental resgatou cinco homens em situação análoga à de trabalho escravo em uma fazenda localizada a 240 km de Corumbá, na região conhecida como Nabileque, na planície pantaneira.

O resgate dos trabalhadores ocorreu na terça-feira, 25, mas só foi divulgado pelo Ministério Público do Trabalho nesta quinta-feira, 27.

Contratados para a construção e reparo de cercas, os cinco homens viviam em barraco de madeira com piso de terra, dormiam em camas adaptadas em tábuas e tijolos, e dividiam o espaço com remédios para gado, sacos de sal, material de montaria, galinhas, porcos e insetos.

Segundo o MPT/MS, no alojamento não havia instalações sanitárias, os homens faziam suas necessidades fisiológicas no mato e tomavam banho com mangueira pendurada na parte externa do barraco. O preparo de alimentos era feito em fogão de lata improvisado no chão e as refeições realizadas sobre tocos.

Pelos relatos dos trabalhadores, eles estavam na fazenda desde março deste ano e trabalhavam em torno de dez horas por dia com intervalo curto para descanso e sem equipamentos de proteção.

“A água vinha de corixos (pequenos rios formados em épocas de chuva) e era utilizada para beber, cozinhar, lavar roupa e tomar banho. Estou há dias doente por beber dessa água”, contou Marciano Rodrigues de Barros, de 60 anos.

O preparo de alimentos dos cinco homens era feito em fogão de lata improvisado no chão e as refeições realizadas sobre tocos (Foto: MPT/MS/Divulgação)

Os trabalhadores foram retirados da fazenda por policiais e auditores, e levados para suas casas em Miranda. Eles haviam sido contratados para receber R$ 60 por dia, mas até o resgate não tinham recebido pagamento.

Na auditoria ficou apurado crédito de R$ 24 mil a título de verbas rescisórias, já deduzidos as contribuições previdenciárias e o recolhimento ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. A data do pagamento aos trabalhadores foi agendada para a próxima terça-feira, 2 de maio, na sede do Ministério Público do Trabalho, em Campo Grande.

Esta não é a primeira vez que uma fazenda do Pantanal de Mato Grosso do Sul protagoniza o resgate de trabalhadores em regime de escravidão. Em fevereiro deste ano, outros quatro homens foram também retirados de uma fazenda no Pantanal, um deles estava na propriedade havia 20 anos.

Também este ano, 11 pessoas foram resgatadas de duas fazendas no município de Bataguassu por trabalho escravo.