Midiamax | 18 de abril de 2017 - 13:09 POLÍTICA

Delator diz que Puccinelli teria recebido R$ 2,3 milhões para pagar Odebrecht, mas ele nega

Divulgação

O ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), foi citado em delação premiada do ex-diretor da construtora Odebrecht, João Antonio Pacífico Ferreira, por ter recebido propina de R$ 2,3 milhões. O valor teria sido usado, conforme o delator, para custear a campanha de Puccinelli a reeleição do Governo do Estado, em 2010.

A delação à força-tarefa da Operação Lava Jato foi revelada pelo portal de notícias G1. No vídeo em que dá detalhes do esquema de propina que envolvia políticos de todo o Brasil, Pacífico explica como ocorreram as negociações com o governo Puccinelli.

O delator conta que o Governo do Estado possuía dívida de mais de R$ 79 milhões com a Odebrecht em razão da obra da MS-030, executada pela Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO) nos anos 80. Anos mais tarde, a CBPO foi comprada pela Odebrecht.

As negociações para que a dívida fosse quitada pelo Estado se estenderam durante anos. Em 2007, quando Puccinelli venceu primeiro mandato para governar o Estado, as conversas foram retomadas.

Depois de conseguir reduzir o valor da dívida em praticamente 70%, o governador definiu que quitaria o débito de R$ 23,4 milhões em cinco parcelas, mas não fez o pagamento.

Mais três anos se passaram e Puccinelli retomou as negociações com a Odebrecht em 2010, ano de eleição. Para que a dívida fosse definitivamente paga à construtora, o governador recebeu como propina 10% do valor combinado. O valor de R$ 2,3 milhões foi repassado ao governador por intermédio de um empreiteiro “famoso na cidade”, de acordo com o delator João Pacífico. Depois de receber a propina em setembro de 2010, o Governo do Estado quitou a dívida com a Odebrecht em janeiro de 2011.

O então secretário de Obras de Puccinelli, Edson Giroto, também teria participado das negociações e segundo o delator recebeu R$ 300 mil para campanha à Câmara Federal, na qual saiu vencedor com 11,5% dos votos dos sul-mato-grossenses.

OUTRO LADO

O ex-governador André Puccinelli (PMDB) negou, por meio de sua assessoria, que tenha cobrado propinas da Construtora Odebrecht para quitar uma dívida que o governo estadual tinha com a empreiteira.

Segundo o peemedebista, a dívida deixada por seu antecessor no comando do Estado, o agora deputado federal Zeca do PT, era de R$ 79 milhões, que foi reduzida para quase R$ 24 milhões já em sua gestão, numa negociação que contou com a participação da PGE (Procuradoria-Geral do Estado).

Para Puccinelli o desconto de 70% obtido para quitar a dívida que ele afirma ser do governo petista figura como um impeditivo para recebimento de contribuições da empreiteira. “Seria inverossímil acreditar que contribuíssem para minha campanha”, declara o ex-governador.

Segundo o delator que citou Puccinelli e o ex-secretário de obras, Edson Giroto, como recebedores da propina, João Antonio Pacífico Ferreira, ex-executivo da empreiteira, a dívida do governo com a empresa só teria sido paga após repasse de 10% do montante a ser quitado para o peemedebista, em forma de propina.

Na nota, André afirma que está ‘à disposição da justiça, como sempre estive, e sou político que sempre abriu mão dos sigilos bancário e fiscal desde o primeiro mandato eletivo, até hoje’.

O ex-diretor da Odebrecht ainda citou um ‘empreiteiro famoso’ em Campo Grande como o intermediário da propina entregue a André Puccinelli no ano de 2010, quando o peemedebista venceu a reeleição para o governo estadual.