Campo Grande News | 28 de novembro de 2016 - 10:04 VEJA OS DADOS

A cada dia 4 pessoas perdem a vida de forma violenta em MS, aponta IBGE

Divulgação

Por dia, quatro pessoas tiveram mortes violentas em Mato Grosso do Sul em 2015. Foram 1.488 óbitos por acidentes de trânsito, afogamentos, suicídios, homicídios, dentre outras causas consideradas não-naturais - 9,6% do total de 15.216 mortes registradas no Estado no ano passado -, de acordo com as estatística de registros civis, divulgadas nesta semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A faixa etária com maior número de vítimas é de 20 a 24 anos. No ano passado, entretanto, 351 adolescentes e jovens que tinham entre 15 e 24 anos morreram de forma violenta - quase um por dia.

 
Pontilhão da Avenida Salgado Filho, de onde jovem se jogou (Foto: Direto das Ruas)

Suicídios - Falar sobre o assunto ainda é tabu, mas nos últimos dez dias, a quantidade de casos e a circunstâncias das ocorrências chamaram a atenção para os suicídios. A tristeza profunda que fez com que um padre, uma designer de interiores, um comerciante e um estudante acabassem com própria vida não escolheu idade.

No dia 18 deste mês, o padre Rosalino de Jesus Santos, 34 anos, foi encontrado morto na casa onde ele morava em Corumbá - a 417 km de Campo Grande -, que pertencia a Igreja Católica. Ele tinha depressão desde 2013, segundo familiares e amigos.

No mesmo dia, a designer de interiores, Tatiane Brandão, 36, tirou a própria vida com um tiro no peito, em Campo Grande. Ela também tinha depressão.

No dia 21, o Julio Cesar Dellasari, 61 , foi encontrado morto na loja de móveis dele, no Jardim São Lourenço - leste da Capital. Ele deixou uma carta de despedida pedindo perdão para a família e dizendo que "não tinha outra saída". O empresário era alcoólatra, depressivo e estava endividado.

Na quinta-feira (24), Lucas Cavalcante da Silva Louveiro, 19 anos, se jogou do viaduto da avenida Salgado Filho sobre a Ernesto Geisel. Ele cursava o 4º semestre de Odontologia e, segundo a família, não tinha histórico de depressão. No dia 3 de setembro, entretanto, ele postou no Facebook mensagem sobre estar a beira de um "abismo".

 
Ossada que estava enterrada no ‘cemitério particular’ de ‘Nando’ (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
 
Buscas da polícia por mais corpos de pessoas mortas por serial killer (Foto: Guilherme Henri/Arquivo)

Homicídios - Os assassinatos representam boa parte do total de morte violentas. No ano passado, foram 598 homicídios dolosos (quando há a intenção de matar), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte em Mato Grosso do Sul - média de um a cada 14 horas, conforme o 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), contabilizou na Capital 113 homicídios dolosos - um a cada três dias. A média não aumentou e nem diminuiu neste ano, quando 465 foram assassinadas no Estado e 112 em Campo Grande.

Algumas dos assassinatos cometidos por Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, 49 anos, vão entrar para as estatística de mortes violentas em 2015. Considerado um serial killer pela Polícia Civil, o homem preso no dia 10 de novembro teria matado ao menos 13 pessoas, de 2012 até agora.

Ele agia no Danúbio Azul - bairro onde morava, no nordeste de Campo Grande - e enterrava os corpos em seu "cemitério particular" no Jardim Veraneio, uma área nos fundos da Uniderp Agrárias.

Queda - As mortes de jovens entre 15 e 24 anos por causas violentas (acidentes de trânsito, afogamentos, suicídios, homicídios, quedas acidentais) tiveram redução nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste na comparação entre 2005 e 2015, mas tiveram alta expressiva em estados do Norte e Nordeste.

Segundo o estudo, as quedas mais significativas ocorreram no Rio de Janeiro, no Distrito Federal, em São Paulo, no Paraná e em Mato Grosso do Sul.
No Estado, a queda no número de homens que morreram de forma violenta neste intervalo foi de 22,8% e de mulheres, de 1,9%.

O pesquisador do IBGE Fernando Albuquerque explica que os processos de industrialização e urbanização recentes no Norte e Nordeste fez aumentar os acidentes de trânsito, principalmente com motos, e os homicídios. “A Lei Seca e a fiscalização mais intensa vêm diminuindo muito o número de acidentes no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo”, explicou às Agência Brasil.