Folha.com | 19 de maio de 2011 - 13:32

Planetas "órfãos" de estrela são muito comuns, diz novo estudo

Astrônomos descobriram uma classe planetária inteiramente nova: são os planetas "órfãos", que flutuam livremente sem orbitar uma estrela. E eles estão longe de ser raridade. Pode haver bilhões na Via Láctea: mais até do que estrelas "comuns".

Esses planetas, no entanto, não devem ter sido solitários durante todo o tempo. Provavelmente foram expulsos de sistemas ainda em formação, em uma pancadaria gravitacional causada pela proximidade de estrelas ou de outros planetas.

"Nós esperávamos encontrar alguns deles [planetas flutuando livremente], mas não tantos assim", disse à Folha de São Paulo Takahiro Sumi, da Universidade de Osaka, líder do trabalho na "Nature".

Sumi e sua equipe não encontraram os tais bilhões de planetas, mas apenas dez.

Segundo o grupo, porém, eles funcionaram como um censo estelar. Pela amostra de uma área, é possível estimar o total na galáxia.

Os cientistas não descartam que alguns desses planetas mais ou menos do tamanho de Júpiter, o maior do nosso Sistema Solar possam estar orbitando uma estrela realmente distante, a mais de dez vezes a distância que separa a Terra do Sol. Mas a maioria deles estaria de fato flutuando livremente.

A afirmação foi feita com base numa técnica de observação inovadora, as microlentes gravitacionais.

O método aproveita o momento em que um objeto de grande massa passa na frente de uma estrela, vista da perspectiva da Terra.

Esse objeto mais próximo age como uma lente, amplificando a luz de uma estrela distante e fornecendo vários dados sobre sua vizinhança galáctica.

Mario Perez, do programa de Exoplanetas (fora do Sistema Solar) da Nasa, disse em nota que a descoberta "tem grandes implicações para os modelos de formação e evolução planetária".