Campo Grande News | 7 de maio de 2011 - 11:29

Festa da Farinha celebra origens em reduto nordestino no MS

Os mais de dois mil km de distância não impedem que Mato Grosso do Sul tenha um pedaço do Nordeste. Em Anastácio, onde 56% da população descendem de nordestinos, basta somar forró, cordel e comidas típicas.

Há seis anos a cidade celebra suas origens com a Festa da Farinha. Estrela da comemoração, a farinha de mandioca é produzida artesanalmente em colônias nos arredores de Anastácio.

Locais que reúnem nordestinos, principalmente de Pernambuco, desde antes de o município ser criado. Anastácio completa 46 anos na segunda-feira, enquanto a colônia mais conhecida, a do Pulador, já passou dos 90.

Mas nos tempos idos, época em que só existia Aquidauana e mais esquerda, como era conhecida a vila onde hoje é Anastácio, a farinha não era exatamente um sucesso de gosto popular. Quem conta é o sergipano Aristeu dos Santos, de 62 anos.

“O pessoal daqui não tinha hábito de comer farinha. Meu pai levava um saco para vender em Aquidauana e não vendia tudo. Depois, passou a vender cinco sacos”, recorda. Hoje, ele se orgulha de ter fabricado 1.500 dos 4 mil quilos que sustentam o saco de farinha colocado no meio da avenida Porto Geral, local da festa. O atrativo é anunciado pela organização como o maior saco de farinha do mundo.

Para Aristeu, a fabricar farinha é ofício de toda uma vida. A técnica ele aprendeu com o pai. “A gente prepara a terra, planta, espera dez meses para a mandioca ficar pronta. Volta na roça, colhe e prepara a massa”.

Já nas farinheiras, a massa é seca e passa por prensa até chegar ao tacho para torrar. Gradualmente, os produtores ganham auxílio. Como o motor que substitui pessoas no processo de secagem da massa.

Mas, nos tachos, permanece o trabalho manual. Para torrar 50 quilos de farinha, é necessário duas horas ao lado de fornos, alimentados por lenha, a altíssimas temperaturas. A produção é vendida por meio de cooperativa aos comécios da região.

Surpresa – O reduto nordestino na cidade onde começa o Pantanal surpreendeu a funcionária pública Euzinete Cavacante. Devido à transferência do marido militar, ela trocou Fortaleza (CE) por Mato Grosso do Sul. Primeiro, morou em Bela Vista, depois, veio para Anastácio.

“Comecei a perceber pelo sotaque. Até me admirei em ver tanto nordestino por aqui”, afirma. Membro do CTN (Centro de Tradição Nordestina), ela comanda uma das barracas de artesanato.