O Globo | 16 de outubro de 2014 - 14:58 Tratamento desumano

Médico preso na operação Herodes tomava até cerveja quando fazia aborto

O médico Bruno Gomes da Silva, conhecido como Dr. Aborto, um dos presos na operação Herodes, que desbaratou uma quadrilha especializada em abortos ilegais no Rio e outros dois estados, chegou a tomar cerveja durante um procedimento realizado numa clínica em Bonsucesso. A informação está no inquérito policial que resultou na prisão 57 pessoas acusadas de participar do bando. Segundo o chefe da Corregedoria da Polícia Civil, delegado Glaudiston Rocha, algumas grávidas contaram que eram tratadas de forma fria, desumana e desrespeitosa pelos aborteiros.

Ainda de acordo com o delegado, em relatos à polícia, as mulheres contaram que os médicos costumavam usar linguagem chula e mandá-las se deitar rapidamente nas camas ginecológicas para o procedimento. O mesmo tratamento era dado após o aborto: ainda sob efeito de sedativos, elas eram obrigadas a se levantar rapidamente para dar lugar a outra paciente.

— Era uma verdadeira fábrica. Eles faziam abortos em série — disse o delegado.

A quadrilha, para fugir das ações da polícia e de prováveis batidas, segundo apontam as investigações da Corregedoria da Polícia Civil, não possuía uma rotina de horário de trabalho, agindo nas primeiras horas do dia, à noite e nos fins de semana.

Na quarta-feira, o delegado Glaudiston Rocha, pediu ajuda à Interpol para capturar o médico Evangelista Pinto da Silva Pereira, que tem mandado de prisão preventiva decretado pela Justiça. Ele estaria em Miami, nos Estados Unidos, e é acusado de participar da organização criminosa que controlava sete clínicas clandestinas de aborto no Rio. Segundo investigadores, ele dirigia uma das unidades, que funcionava na Rua Dona Mariana, em Botafogo.