Estadão | 10 de abril de 2014 - 10:33 Política

Greve geral na Argentina consegue alta adesão

Três das cinco centrais sindicais argentinas protagonizam desde esta madrugada uma greve geral de 24 horas em protesto contra a política econômica da presidente Cristina Kirchner. Os líderes da Confederação Geral do Trabalho (CGT) "rebelde", a CGT "Azul e Celeste" e a Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA) "rebelde" anunciaram hoje de manhã que a adesão à paralisação é "elevada". Segundo os sindicalistas, grandes empresas argentinas - entre as quais montadoras e empresas alimentícias - estão paralisadas nesta jornada.

Na contra-mão, o chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, em coletiva de imprensa, criticou a greve geral, afirmando que está sendo feita por "motivos políticos". Capitanich relativizou a magnitude da greve, afirmando que não passa de uma "paralisação do sistema de transportes" que estaria impedindo que "muitos trabalhadores que querem ir a suas empresas possam trabalhar".

O sistema de transporte público está quase paralisado, já que não operam hoje nem os trens e os ônibus urbanos. O metrô de Buenos Aires também está paralisado.

No aeroporto internacional de Ezeiza e no aeroporto metropolitano de Aeroparque, os voos da estatal Aerolíneas Argentinas e sua subsidiária Austral foram cancelados. As outras companhias aéreas estão operando, embora a adesão à greve por parte de alguns sindicatos de trabalhadores do setor aéreo torne lento o funcionamento nos aeroportos.

Incidentes. A jornada de greve geral começou com confrontos entre grupos de esquerda e a "Gendarmería", corpo especial de segurança especializado em dissolver manifestações. Os manifestantes realizavam um piquete na estrada Pan-Americana, na zona norte da Grande Buenos Aires, quando foram removidos à força pelos gendarmes com cassetetes e balas de borracha.

Integrantes do Pólo Operário e do Movimento Social dos Trabalhadores espancaram um gendarme com um extintor de incêndio após uma discussão sobre o piquete. O gendarme foi levado às pressas para um hospital.

O líder sindical José Luis Barrionuevo criticou os piquetes feitos pela esquerda não-peronista de forma paralela à greve das centrais sindicais. "Esses bloqueios a avenidas e estradas não são legítimos", disse.

Barrionuevo também afirmou que a presidente Cristina "está no mundo das maravilhas e das mentiras". Os sindicalistas sustentam que Cristina está "fora da realidade" e que "traiu os ideais peronistas".

O sistema de transporte público está quase completamente paralisado, já que não operam hoje nem trens nem ônibus urbanos. O metrô funciona parcialmente. Capitanich afirmou que muitos trabalhadores querem chegar ao trabalho mas não podem por causa da paralisação dos transportes. O serviço de telecomunicações em alguns bairros de Buenos Aires também foram interrompidos nesta manhã.

Esta é a primeira vez que uma greve geral tem a coordenação conjunta das três centrais sindicais. As centrais sindicais protestam contra a política econômica da presidente Cristina Kirchner, a qual acusam de ter traído dos trabalhadores.