Nos últimos anos uma das máximas do pontos corridos era de que os times com as melhores defesas se sagravam campeões. A campanha do Cruzeiro, de Marcelo Oliveira, que está na iminência de ganhar o maior título da carreira, desmistifica essa tese e resgata a importância do ataque e a possibilidade de conquistar título com futebol envolvente.

Adepto do futebol ofensivo, o treinador montou uma equipe muito ofensiva e os números na temporada são reflexo disso. O Cruzeiro possui disparado o melhor ataque do Campeonato Brasileiro com 69 gols, 17 a mais que o segundo colocado Atlético-PR. Só o saldo de gols da equipe é superior ao ataque de outras 10 equipes.

Desde 2006 o time de melhor ataque não vencia o campeonato. À época, o São Paulo foi campeão com 66 gols marcados em 38 partidas, números inferiores aos do Cruzeiro com cinco rodadas de antecedência. 

Até então possuir o melhor ataque era sinônimo de sucesso. Além do São Paulo, o Corinthians foi campeão em 2005 (com 87 gols em 42 rodadas), o Santos em 2004 (103 gols em 46 rodadas) e o próprio Cruzeiro em 2003 (102 gols em 46 partidas), quando o campeonato tinha mais clubes.

Marcelo Oliveira acredita que essa proposta ofensiva do time tem feito a diferença na campanha vitoriosa. "Os números indicam isso e essa proposta nossa já tinha acontecido no Coritiba, o melhor ataque do Brasil, que mais fez gol, recordista de vitória também", disse o treinador.

Nos últimos sete anos a melhor defesa sobressaiu em cinco oportunidades. O próprio São Paulo em 2006 (32 gols sofridos) e em 2007, quando se destacou pela defesa instransponível, com apenas 13 gols sofridos em 36 rodadas. O Fluminense também venceu duas vezes com a melhor defesa, em 2010 (36 gols) e 2012 (33 gols). Outra equipe a ser campeã com a melhor defesa foi o Corinthians de 2010 (36 gols).

Apesar do ataque fulminante, o Cruzeiro também possui bons números defensivos e é a segunda equipe que menos levou gols no campeonato, com 29 tentos contra, nove a mais que o Corinthians, líder no quesito.

Marcelo Oliveira explica o sucesso desse equilíbrio entre defesa e ataque. "A ideia é que no futebol atual, moderno, se não marcar perde o jogo. Você pode marcar com jogadores que não sabem jogar, ou marcar com jogadores técnicos, bem organizados, em uma proposta tática com muita vontade e uma recomposição boa, já que você quando tiver a bola vai ser muito mais criativo e técnico", observou o comandante.