Campo Grande News | 8 de novembro de 2013 - 09:00 Rei em Campo Grande

Velho Guanandizão lota e 6 mil pessoas fazem coro emocionado para Roberto Carlos

(Fotos: João Garrigó)

Uma boa história depois da outra e de repente você percebe que a maioria na multidão parece ter alguma coisa para contar sobre Roberto Carlos. Surge a recordação da infância, da juventude, do grande amor, do momento mais difícil ou mais feliz de uma vida.

Aparece até a menina de 17 anos que aos 15 pediu como presente um Cruzeiro/Show do ídolo bem mais velho, mas não conseguiu embarcar no navio porque acabou de recuperação. 

E nem adianta ir contra a maré de mais de 6 mil vozes em um Guanandizão lotado em plena quinta-feira, segundo números dos organizadores do evento. Não há quem reclame do engarrafamento, da qualidade do som, da chuva, do open bar ou do preço do ingresso. Se a voz do ídolo não chega nítida, lá está o coro de novo, entusiasmado, com a letra na ponta da língua. E assim segue até “Jesus Cristo” fechar a noite. Quem tem um motivo para amar o “Rei” prefere aproveitar ao máximo a oportunidade de cantar junto e tirar fotos.

E aos 72 anos ele corresponde. Fala com carinho de Campo Grande, agradece a presença e começa o espetáculo que para alguns já não é novidade, mas continua como um momento especial. “Fui em São Paulo pensando que seria o último show dele, afinal, o cara tinha 71 anos. É muito bom, vou continuar indo enquanto der”, diz Rodrigo Vianna, de 52 anos.

Roberto não é do tipo que “explode” em energia no palco, é um senhorzinho mais contido, com aqueles gestos que a gente cansa de ver na programação de fim de ano da Rede Globo. Mas nem precisa ser diferente.

O que todo mundo quer é ver o cara de roupa azul, com o microfone de lado e, quem sabe, ser visto por um dos maiores artistas brasileiros. Por isso, uma legião de mulheres usa azul como chamariz, um código entre fã e cantor.

A cor preferida do ídolo é a mesma dos modelitos escolhidos pelas primas Rosana e Simone. Sentadas bem em frente ao palco, as duas garantem que foram as primeiras a comprar ingressos. “No dia que começou a venda, às 8h, entramos no site e compramos as melhores cadeiras na 1ª fila”, diz Rosana. Um luxo ao custo de R$ 480,00 para cada uma.

Para conseguir uma rosa, daquelas jogadas por Roberto em todas as apresentações, um item indispensável também não poderia faltar no arsenal das primas: o cartaz para chamar a atenção.

A tal rosa, branca ou vermelha, é o maior objeto de desejo das fãs. Por isso a concorrência entre os cartazes é grande. Aos 89 anos, dona Odete escreve em letras garrafais que Roberto é o “7º filho”, em mais uma tentativa de atrair os olhares e a mira do cantor na hora da distribuição das flores.

“Ixi, já fomos em muitos shows lá no Rio. Aqui, quando ele veio na primeira vez, meu pai ficou até sem janta em casa”, lembra a filha Gilcleide Alves.

O espetáculo tem orquestra, iluminação impecável, mas o que contagia é o repertório. De saída “Emoções” já leva algumas pessoas às lágrimas. Depois vem “Eu Te Amo, Eu Te Amo, Eu Te Amo” e até quem foi ao show para trabalhar (eu) engata a sequência de versos.

Simpático como sempre, até o pai de Michel Teló aparece para tietar. Aldo Teló só lamenta não ter levado a foto que tirou com o Rei na gravação do especial da Globo do ano passado, depois de uma participação memorável do filho. "Quando encontrei o Roberto pela primeira vez, fiquei igual criança boba que vê um ídolo. Não conseguia me mexer", diz sorridente.