G1 | 6 de novembro de 2013 - 08:19 Policial

Defesa pede liberdade de policial que saiu com preso de delegacia de MS

(Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

A defesa do policial civil que saiu com um preso da delegacia em que é lotado, sem autorização, na tarde de sábado (2), em Campo Grande, pede à Justiça a revogação da prisão preventiva. O pedido, conforme consta no sistema do Poder Judiciário, foi protocolado nessa segunda-feira (4). Até a publicação desta reportagem não havia decisão.

Diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis em Mato Grosso do Sul (Sinpol-MS), Giancarlo Miranda diz que o pedido foi feito por advogados da entidade. Segundo Miranda, o investigador é sindicalizado, tem direito aos profissionais e pediu a assistência.

De acordo com o sindicalista, no pedido de liberdade feito à 3ª Vara Criminal de Campo Grande, é argumentado que não houve peculato, um dos crimes pelo qual Carlos Peterson Fernandes, 35 anos, foi autuado em flagrante.

Miranda explica que peculato é quando o servidor público tem intenção de pegar para si um bem, no entanto, no caso do investigador, a vontade não era ficar com o que pegou sem autorização, no caso a viatura descaracterizada. "Houve situação administrativa", fala.

Ele afirma que o Sinpol-MS "lamenta" a atitude do investigador e que tal situação demonstra que "o Estado tem que oferecer mais condições para o policial". "Não há acompanhamento psicológico".

O caso
Segundo divulgado pela Polícia Civil, Fernandes não estava de serviço no sábado, não tinha autorização para pegar a viatura nem para tirar o detento da cela. Mesmo assim, ele fez os três atos.
Conforme divulgado pela assessoria de imprensa da Polícia Civil, a Polícia Militar (PM) foi informada de que havia dois jovens armados em um carro de cor preta ameaçando pessoas nas ruas.

Foi constatado que o veículo era da 7ª Delegacia de Polícia Civi e não deveria estar em uso naquele momento. Os ocupantes fugiram dos militares com o carro e foram localizados por policiais da Delegacia  Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras) e da PM em um posto de combustíveis no Aero Rancho.

De acordo com a polícia, os policiais constataram que era Fernandes o passageiro da viatura e Ryan Douglas Wehner Vieira, 21 anos, o condutor. O jovem está preso desde 31 de março, acusado de participar de racha que terminou em acidente e morte, na avenida Duque de Caxias.

O policial foi preso e vai responder por desobediência, ameaça, desacato, peculato e por entregar veículo a pessoa não habilitada. Com exceção do crime que só é imputado a servidor público, os demais são considerados pela legislação de menor potencial ofensivo.

Vieira está sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) devido à acusação de homicídio doloso. Ele agora está preso em outra unidade policial. Fernandes também está em cela de delegacia, mas diferente da de Vieira. A conduta do investigador é apurada pela Corregedoria da Polícia Civil.

A atitude do policial causou espanto entre os colegas de trabalho. A delegada adjunta da delegacia em que o investigador trabalhava, Christiane Grossi de Araújo Rocha, disse ter ficado surpresa.

"Ninguém esperava isso dele. Estou nesta delegacia há cerca de um mês e nunca percebi nenhum comportamento estranho do Peterson. Saímos em diligências e foi tudo tranquilo", conta.