National Geographic | 24 de setembro de 2013 - 08:00 Saúde

Veneno da cascavel pode ser usado para combater câncer

O veneno da cascavel é considerado um potencial aliado na luta contra a progressão de tumores cancerígenos

Lindomar de Oliveira Gaia/Sua Foto

Pisar em terreno pedregoso sem prestar atenção ao soar dos guizos é arriscar um encontro fatal com a famosa cascavel (Crotalus durissus). Se pegar de jeito, o bote da dita cuja começa por causar sensação de formigamento e dificuldade em manter os olhos abertos. Depois o quadro evolui para visão turva ou dupla, dores musculares generalizadas e escurecimento da urina, podendo chegar à morte por insuficiência respiratória, devido à paralisação dos músculos do tórax, e/ou insuficiência renal aguda. Assim nos informa o Hospital Vital Brazil, de São Paulo, referência no atendimento a acidentes com animais peçonhentos.

Mas bem ali vizinho ao hospital, o veneno da cascavel é considerado um potencial aliado na luta contra a progressão de tumores cancerígenos e contra inflamações agudas e crônicas. Quer dizer, o veneno todo não, mas uma substância equivalente a 60% do total, que é responsável por sua ação neurotóxica. O nome da substância é crotoxina, ou CTX para os íntimos, como os pesquisadores do Laboratório de Fisiopatologia do Instituto Butantan.

Em linhas gerais, a crotoxina age direto sobre o câncer e ainda estimula algumas células de defesa do organismo (macrófagos) a produzir uma quantidade maior de substâncias importantes no controle do crescimento de tumores (peróxido de hidrogênio e óxido nítrico). Ou, nas palavras da doutora em Farmacologia, Sandra Coccuzzo Sampaio Vessoni: “temos uma toxina com um potencial antitumoral, não apenas por agir diretamente sobre as células tumorais, mas também por induzir a resposta do sistema imune”.