IG | 21 de agosto de 2013 - 08:30

Empresas preferem aplicar a investir na produção

As cinco empresas de capital aberto com maior receita líquida - Petrobras, Ambev, Vale, Telefônica e Cemig- no primeiro semestre deste ano, deram prioridade aos investimentos em aplicações financeiras, em detrimento da expansão da capacidade produtiva.

A constatação, que contraria as expectativas do governo de alta do investimento do setor produtivo para impulsionar a recuperação da economia, faz parte de levantamento preparado pela agência de classificação de risco Austin Rating a pedido do Brasil Econômico. No estudo, foi considerado o conjunto dos balanços financeiros divulgados até o dia 15 deste mês.

Em média, o investimento dessas companhias no mercado financeiro, comparado ao período de janeiro a junho de 2012, cresceu 94,6%, enquanto o aporte nos ativos relacionados ao negócio fim de cada uma delas avançou em ritmo muito mais lento, 2,6%.

O exemplo mais gritante é o da empresa de telecomunicações Telefônica. Nesse caso, as aplicações saltaram 313,3%, de R$ 2,06 bilhões para R$ 8,5 bilhões. Na contramão, o investimento em imobilizado caiu 0,3%, passando de R$ 17,13 bilhões para R$ 17,08 bilhões.

A Telefônica informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que o grupo prevê investimento de R$ 24,3 bilhões de 2011 a 2014, "um montante expressivo, que demonstra o compromisso de longo prazo que a empresa mantém com o Brasil". Neste ano, serão R$ 6,2 bilhões, com destaque para a ampliação e modernização das redes e sistemas. Além disso, afirma que o nível de investimento operacional é um dos maiores do setor.

"Essas grandes empresas não abandonaram suas atividades. Mas, em um momento de desaceleração da economia e retração do consumo, estão preferindo direcionar os recursos ao mercado financeiro. O resultado é uma recomposição dos investimentos, com as aplicações ganhando espaço antes ocupado pelos imobilizados", afirma o economia Alex Agostini, responsável pelo levantamento da Austin Rating.

Para a média das cinco companhias, a participação das aplicações financeiras nos investimentos passou de 12,4% no primeiro semestre do ano passado para 20,7% em igual período de 2013.