O roteiro já estava pronto na cabeça dos fãs, que sabiam de cor e salteado a letra de "Faroeste Caboclo". Mas mesmo assim a expectativa para ver o desenrolar da história de João de Santo Cristo era grande e o filme surpreendeu, com pontos positivos e outros nem tanto.

Um dos maiores sucessos da banda Legião Urbana, que estourou entre as décadas de 1980 e 1990, marcou a adolescência e juventude de muitos brasileiros. E ontem, a famosa história chegou às telas do cinema de Campo Grande e lotou duas sessões.

Quem não conseguiu comprar ingressos para ontem, já garantiu para hoje, como é caso do casal de autônomos Márcio André Alves da SIlva, 40 anos, e Erina da Silva, 39 anos. Fãs das letras de Renato Russo, eles contam que Faroeste Caboclo foi trilha sonora por muitas vezes na época que moravam no Japão. A música, segundo eles, trazem um sentimento nostálgico e recordações de amigos.

"Se o filme for igual à música, com certeza será exelente", comentam, na expectativa de conferirem uma história bem fiel à letra.

São quase 10 minutos de música, sem refrão e sem repetir uma estrofe, que contam a história de um "tal João de Santo Cristo", um garoto que "deixou pra trás todo o marasmo da fazenda só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu". Em terras brasilienses, ele conhece "um neto bastardo do seu bisavô, um peruano que vivia na Bolívia e muitas coisas trazia de lá".

E, "por destino ou escolha", Santo Cristo se tornou um "bandido destemido e temido no Distrito Federal, não tinha nenhum medo de polícia, capitão ou traficante, playboy ou general". Até que ele conhece Maria Lúcia, "uma menina linda e o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu".

Esse é mais ou menos o resumo da música (e do filme). O roteiro contextetualiza tudo isso, mas não necessariamente nesta ordem. O longa-metragem também traz novos personagens e outros ganham desfechos diferentes.

Ponto positivo para a fotografia do filme, que também traz cenários e figurinos fiéis à época. Ponto negativo para o final, que poderia ser mais fiel e ter falas importantes que foram deixadas de lado.

Para quem espera encontrar um roteiro pronto, do tipo propaganda da Vivo da música Eduardo e Mônica, esquece. Na telona, com certeza irá assistir a história de Jão de Santo Cristo, mas não totalmente como reza a letra.

Sem frustar e nem superar expectativas, o filme agradou. "Não tem como ser 100% fiel, mas achei que deu para contextualizar, o final foi diferente, mas não chegou a destoar da música", opina o professor universitário Berinaldo Bueno, 31 anos.

"O João de Santo Cristo era exatamente como eu imaginava quando cantava a música, gostei do filme", conta a manicure Ana Luiza da Cruz, 22 anos.

O filme Faroeste Caboclo é dirigido por René Sampaio. Protagonizam a trama Fabricio Boliveira, interpretando Santo Cristo, e Isis Valverde, que dá vida à Maria Lúcia. No elenco ainda estão Felipe Abib (Jeremias), Antonio Calloni (policial que entra na história) e Marcos Paulo (pai de Maria Lúcia).