Assim como no restante do país, a qualidade de vida em Mato Grosso do Sul melhorou entre 2011 e 2014. O Estado é o 10º do país com o melhor IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), medido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), juto com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a Fundação João Pinheiro, divulgado nesta terça-feira (22).
Mato Grosso do Sul teve nota 0,76 em 2014 – 0,02 pontos a mais que em 2011 – e se manteve na mesma posição no ranking das unidades da federação com os melhores índices. Para calcular o IDHM, o Ipea leva em conta três indicadores: longevidade, renda e educação.
A expectativa de vida é o fator preponderante para colocar Mato Grosso do Sul na lista das localidades com alto índice de desenvolvimento humano. A nota do Estado é de 0,83, igual à média nacional, e a expectativa de vida era de 75 anos, ao menos até 2014 – quando foi publicado o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A renda do sul-mato-grossense também é uma das dimensões importantes. O índice do Estado neste quesito é 0,76, maior que a média do país, que pontuou 0,74 neste quesito.
Já em educação, Mato Grosso do Sul teve índice menor que o Brasil – 0,68 contra 0,70.
Renda – Embora a longevidade tenha rendido a pontuação mais alta para Mato Grosso do Sul, a renda é o índice que se destacou em relação à média nacional.
Sobre este fator, o sociólogo Paulo Cabral lembra que a economia do Estado é baseada no agronegócio, que passou quase que imune pela crise, que já havia dado os primeiros sinais no triênio analisado. “Os Estados fortemente industrializados foram mais impactados pela crise”.
Expectativa de vida – O segredo da longevidade do sul-mato-grossenses merece estudo mais aprofundado, na opinião do sociólogo. “Tivemos uma migração de pessoas adultas bastante expressiva nas décadas de 70 e 80, isso influi no calculo da longevidade. Eu, por exemplo, nasci em São Paulo e vivi por 33 anos lá e cheguei adulto, numa população que podia ser mais jovem”, exemplifica Paulo Cabral.
Neste cálculo, devem ser inclusos fatores que obviamente contribuem para a saúde física e mental da população, dentre eles, o acesso a serviços como coleta de lixo, saneamento básico, espaço e tempo para lazer, trabalhos de prevenção de doenças.
Quem trabalha no Recanto São João Bosco tem experiência com a velhice e conta, sem base pesquisa científica, mas no conhecimento empírico, que a receita é se alimentar e dormir bem, além de cuidar da saúde. “Os nossos idosos fazem consultas periódicas, tem alimentação balanceada, sempre estão sendo medicados e garantimos que eles levem uma vida tranquila”, conta Paula Alencar, uma das assistentes sociais do asilo.
No recanto são atendidos hoje 85 idosos. Depois que o mais velho, de 117 anos, morreu há seis meses, Carmem Clotilde Pereira, aos 97 anos, assumiu o posto.
Pouco falante, Francelina Moreira da Silva, 95, também uma das mais velhas, deu entrevista ao Campo Grande em outubro deste ano. Ela não tem filhos, casou-se, mas está viúva há anos.
“Não quero falar muito não, só quero dizer que fui eu que quis vir para cá, porque na minha família, todos já estão velhinhos”, disse. Ela vive no asilo desde julho de 2014.