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CRIME ORGANIZADO

Racha em cúpula do PCC cria novas rotas do tráfico em MS

1 Mar 2018 - 07h29Por DA REDAÇÃO

A recente guerra velada entre lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) e apreensões de drogas feitas pelas Polícias Federal, Militar e Civil em Mato Grosso do Sul são motivo de investigação em São Paulo sobre a possibilidade de aliados de algumas das lideranças da quadrilha que foram executadas neste mês estarem buscando rotas alternativas para o tráfico de drogas e armas do Paraguai.

Setores da inteligência da Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo apuram que a criação de rotas alternativas em Mato Grosso do Sul para o fluxo de maconha, cocaína e armamento vindos do país vizinho desrespeitaria ordem direta de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, indicado como principal líder do PCC,e que poderia gerar ainda mais represálias.

Órgãos como o Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos de São Paulo (Denarc) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público paulista (Gaeco-SP) estranharam uma semelhança específica nos três casos seguidos, entre os dias 19 e 23 deste mês, de apreensões de maconha.

Todas envolvem Diadema, cidade da Grande São Paulo que teria o carregamento como destino, faz divisa com o litoral sul paulista e serve de triagem dos produtos ilícitos antes de eles serem encaminhados a pontos estratégicos da região, como o porto de Santos e a rota litorânea ao Rio de Janeiro, com menos fiscalização que o caminho pela capital paulista.

Duas ocorrências, em específico, chamaram a atenção. A de uma jovem que transportava erva-mate de tereré como maconha, após ser enganada na fronteira com o Paraguai, e o de um adolescente que transportava quase meia tonelada da droga em um veículo roubado e com placa clonada.

Essa apreensão em específica foi definida em relatório interno como 'amadora', afinal o suspeito, de 17 anos, estava em estrada errada ao caminho que deveria seguir para São Paulo e cometeu erros primários que chamaram a atenção da Polícia Rodoviária Federal, como demonstrar nervosismo ao pedir informação e carregar o carro com a droga visível, além de ser menor de idade e não ter habilitação.

"Uma 'mula' (como são chamados os carregadores de drogas para os traficantes) ser enganada dessa forma, procedimentos amadores dos detidos. Há a suspeita que estejam tentando criar um novo caminho (de tráfico a São Paulo). Vamos conversar com as autoridades de Mato Grosso do Sul para pegar mais informações, mas tudo está mudando na facção com as execuções", disse um promotor do Gaeco-SP ouvido pelo Portal Correio do Estado.

A principal referência do Gaeco para a investigação é o fato de justamente o responsável pela rota de Diadema ter sido executado a tiros de fuzil no último dia 22, em frente a um hotel na zona leste de São Paulo. Wagner Ferreira da Silva, o 'Cabelo Duro', teria sido assassinado como forma de represália por ser o mentor das mortes de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, no último dia 15, no Ceará. Ambos eram os integrantes mais poderosos do PCC fora dos presídios e estavam se desentendendo com Marcola.

"Cabelo Duro' era mais do que leal a Marcola, obedeceu a ordem, mas o ato foi visto como traição por alguns setores da quadrilha", disse o promotor do Gaeco-SP.

Seriam justamente os justiceiros de Gegê do Mangue que poderiam estar tentando descobrir rotas alternativas em Mato Grosso do Sul. Afinal, segundo apura a Polícia Civil, a cadeia de comando do PCC da rota de Diadema estaria vaga, já que aliados de Silva também estão sendo executados, como José Adinaldo Moura, o Nado, seu braço direito, desaparecido desde a última sexta-feira (23).

LIGAÇÃO

O Gaeco-SP é claro em apontar a ligação de 'Cabelo Duro' com Mato Grosso do Sul. Ele mesmo foi um dos escolhidos de Marcola para dar sustentação ao controle do PCC na fronteira com Ponta Porã após Jorge Rafaat ser morto, em junho de 2016. Nado, por exemplo, já foi preso pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF) por associação ao tráfico. 

E como se não fosse suficiente, Felipe Ramos Morais, o piloto de helicóptero contratado por 'Cabelo Duro' para levar Gegê e Paca à reserva indígena onde foram torturados e executados, também já operou em ações ilícitas em território sul-mato-grossense.

Morais foi flagrado em julho de 2012 em operação da Polícia Federal. O helicóptero que pilotava teria transportado 174 quilos de cocaína para uma fazenda no interior cearense. A droga teria sido adquirida na Bolívia e entrou no Brasil pelo Mato Grosso do Sul. O suspeito foi preso em Picos, no Piauí, quando a aeronave seria reabastecida. Os agentes da PF encontraram quase R$ 30 mil em espécie, além de R$ 12 mil em cheques no helicóptero.

Além disso, a Justiça Federal de São Paulo tem em mãos relatório da PF que liga Morais a diversos hangares do tráfico de drogas estourados em operações tanto em cidades da fronteira com a Bolívia, como Corumbá, como no próprio país vizinho.

"É uma rede de contatos ampla e bem estruturada. Não poderia ser diferente, desde que Rafaat foi morto e a facção tomou o controle da fronteira paraguaia. Mato Grosso do Sul é essencial para o organograma, tanto pelos tráficos, quanto pela proximidade dos presídios de segurança máxima de São Paulo", disse o promotor.

HISTÓRICO

A principal linha de investigação para as execuções de Gegê e Paca, que moravam na Bolívia e passavam férias no Ceará, além das acusações internas de roubo e revenda de material (drogas e armas) a rivais, é o do assassinato de um amigo particular de Marcola no sistema prisional paulista, no fim do ano passado, sem autorização do líder do PCC.

A tentativa de se criar novas rotas do tráfico em Mato Grosso do Sul quase foi o estopim para o estouro de uma guerra entre facções no início de 2017.

Para a socióloga Camila Nunes Dias, professora da Universidade Federal do ABC e uma das maiores autoridades em PCC, mortes serão inevitáveis para que a facção impeça o fortalecimento dessas rotas alternativas, já que esse é seu modo de atuação habitual.

"Em toda sua história, o PCC tem mantido esse tipo de atuação, evitando a divisão, o racha. Sempre que há confronto interno eles eliminam o foco", disse, alertando que se o controle de fato não existir ou não for reestabelecido, índices de homicídio e tumultos no sistema prisional poderiam 

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