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Oficial da PM acusado da morte de juíza era investigado por execuções e corrupção

28 Set 2011 - 12h46Por Revista Veja online

O depoimento do cabo da Polícia Militar que levou à prisão do tenente-coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira, que comandava o 7º Batalhão da PM fluminense e agora é acusado de tramar a morte da juíza Patrícia Acioli, revelou bem mais que a participação do oficial no crime. O delegado Felipe Ettore, titular da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Rio, informou, em uma coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, que a morte da magistrada pode ter sido planejada desde abril. “Comprovamos que no dia 11 de julho o grupo esteve na casa dela fazendo o planejamento. Com todas as informações dadas pelo indiciado (um dos cabos acusados do crime) o plano começou entre abril e maio”, disse Ettore.

O depoimento do cabo indiciado pelo crime indicou a data. E as autoridades de segurança, na tarde desta terça-feira, revelaram o restante para se entender o interesse que o tenente-coronel Oliveira tinha na morte de Patrícia Acioli. De acordo com o delegado, Patrícia investigava participação do Cláudio em execuções e corrupção na região. “Ele foi o autor intelectual. A juíza gostaria de prendê-lo, e buscava elementos que comprovassem a participação dele em crimes. Ele fez isso para evitar que mais cedo ou mais tarde fosse preso”, disse. Na Divisão de homicídios, Cláudio fez a sua defesa: "Eu sou inocente e tenho certeza que isso ficará provado".

Felipe Ettore afirmou que, no momento, não há mais oficiais da PM sendo investigados por participação na morte de Patrícia Acioli. Até agora, são dez os PMs presos suspeitos de participar no crime.

A partir das suspeitas de participação de policiais na morte de Patrícia Acioli, o tenente-coronel Oliveira foi transferido do 7º BPM (São Gonçalo) para o 22º (Maré), cargo do qual já foi exonerado. Questionado sobre a transferência de um oficial sob suspeita para o comando de outra unidade, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que o procedimento é normal. “Mudanças em batalhão são uma lógica nossa. É salutar. Investigação é algo que a gente trabalha, fica quieto e apresenta. Sempre fazemos essas mexidas”, afirmou. “Enquanto são suspeitas, temos que ficar atentos, mas não podemos nos precipitar”, disse.

Patrícia Acioli foi ameaçada várias vezes. Apesar disso, estava sem escolta – por decisão do Tribunal de Justiça, que retirou a escolta em 2007. O presidente do Tribunal de Justiça, Manoel Rebêlo, ficou irritado, durante a coletiva, com perguntas sobre a falta de escolta. “Naquela época, não tinha bola de cristal para saber que o comandante do 7º BPM teria a covardia de mandar matar a juíza que o investigava”, disse.

Nenhuma autoridade, pelo que se tem notícia, trabalha com bola de cristal. O que a Justiça do Rio tinha, e há provas, são relatos oficiais de que Patrícia corria perigo. A avaliação do Tribunal de Justiça considerou que Patrícia Acioli não corria mais perigo.

Rebêlo, que assumiu este ano, disse sofrer com a morte da juíza. “Sofri calado. Doeu na alma. Doeu profundamente, como dói ser acusado de algo de que você não tem nenhuma relação. Magoa o mais importante da vida, a dignidade. Não foram poucas as noites que não dormi e que chorei”, disse.

A descoberta da participação do tenente-coronel Oliveira na morte de Patrícia Acioli representa, para o comandante da Polícia Militar e toda a cúpula da segurança do Rio, um episódio sem precedentes na história do envolvimento de agendes da lei com o crime. A bomba estoura – injustamente – no colo do comandante atual da corporação, coronel Mário Sérgio Duarte de Brito, e do secretário José Mariano Beltrame. Dos dois, pode-se afirmar muito, criticar muito. Mas ambos têm, até agora, atuação correta no sentido de combater desvios de policiais.

Beltrame e Mário Sério, particularmente a partir de agora, não terão escolha: a resposta a este episódio, como ápice de uma sequência de descobertas de casos de banditismo e corrupção na corporação, deverá ser dura.

A revelação do grau de envolvimento de policiais do 7º BPM com a morte de Patrícia Acioli se deu em camadas. Primeiro, formou-se a forte suspeita de que policiais estariam envolvidos – baseada, obviamente, nos casos que a juíza tinha em mãos, cheios de acusados de dentro das organizações policiais. Em seguida, a confirmação de que armas e munições da PM tinham sido usadas contribuíram para a convicção de que ‘homens da lei’ se aproveitaram de sua condição para perpetrar o crime.

Estourou, então, a primeira bomba: três policiais foram presos depois de identificados como autores dos disparos e da emboscada. O grupo tentava evitar que Patrícia Acioli decretasse suas prisões. A suspeita inevitável passou a ser a de que os PMS tiveram alguma ajuda ou cobertura. E, desde a madrugada de terça-feira, conheceu-se a suspeita mais grave de todo o caso até então: a participação do ex-comandante Oliveira como mandante do crime.

O presidente Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), Antônio Cesar de Siqueira, interrompeu a série de elogios à polícia feitos pelos participantes da mesa e alertou as autoridades de segurança. “No Rio, temos que lamentar profundamente que pessoas em cargos de comando na PM estejam envolvidas em ataques contra a democracia. Temos que reinventar o estado. Não é possível uma pessoa com essa personalidade ter esse cargo. Peço que todos fiquem atentos até o fim do inquérito”, disse. 

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