Menu
quinta, 25 de abril de 2024
Busca
CHIQUINHO SORVETES
LEI DE SEGURANÇA NACIONAL

MPF investiga grevistas por defenderem 'golpe militar'

Polícia Federal instaurou cinco procedimentos em Mato Grosso do Sul para apurar outros crimes

1 Jun 2018 - 08h35Por DA REDAÇÃO

 

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimentos para investigar se empresários e outros agentes relacionados à greve dos caminhoneiros cometeram dois crimes previstos na Lei de Segurança Nacional: o de tentar mudar o regime político vigente e o Estado Democrático de Direito com emprego de violência e grave ameaça; e o de incitar a subversão da ordem política e a animosidade nas Forças Armadas. Esse tipo de crime pode ser punido com até 15 anos de prisão. A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar outros em vários Estados, incluindo Mato Grosso do Sul.

Ao todo, o MPF investigará ao menos sete comportamentos distintos que podem configurar esse tipo de crime, envolvendo algumas das principais lideranças do movimento. A disposição de parte deles de estimular o pedido de intervenção militar no País contribuiu para a abertura da investigação.

A Câmara Criminal, que atua no âmbito da Procuradoria-Geral da República (PGR), enviou especificamente às unidades do MPF em quatro Estados – São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás – a determinação para a abertura dos procedimentos, listando casos em que empresários e lideranças do movimento grevista insuflaram ideias como a de um golpe militar. São casos em que essas pessoas incentivaram grevistas a “colocarem fogo em caminhões”, defenderam a intervenção militar e colocaram empresas à disposição dos manifestantes, entre outras ações.

Entre as lideranças a serem investigadas está Wallace Landim, o “Chorão”, que diz representar motoristas autônomos do Centro-Oeste. Ele se destacou no movimento como autor de vídeos nas redes sociais que pregam a derrubada do governo do presidente Michel Temer, ao lado do advogado André Janones, também citado pelo MPF. O caso dos dois deve ser investigado pelo MPF em Goiás. Eles sustentam que o movimento é legítimo e negam pretensões eleitorais, apesar de serem filiados, respectivamente, ao Podemos-SP e ao PSC-MG.

O MPF de Santa Catarina investigará outro caso envolvendo dois empresários. Um é suspeito de “apoiar os grevistas e autorizar que coloquem fogo nos caminhões das empresas se for preciso”, como consta na determinação para a abertura da investigação. O outro “autorizou o uso do estacionamento de uma das suas lojas como ponto de apoio”. Ele também escreveu mensagens em redes sociais defendendo intervenção militar.

A determinação encaminhada ao MPF do Rio Grande do Sul pede investigação sobre o apoio de uma rede de lojas a caminhoneiros grevistas. Em São Paulo, os alvos de apuração devem ser um sargento da reserva, descrito como “defensor contumaz da intervenção militar”, e suplente de vereador à frente de uma empresa de transportes e de associação. Eles teriam patrocinado bloqueio no acesso a uma distribuidora da Petrobras. No Espírito Santo, o MPF também solicitou que a Polícia Federal abra inquérito relacionado à Lei de Segurança Nacional.

A determinação da Câmara Criminal é instaurar um procedimento chamado notícia de fato. É o início de uma apuração, que pode levar à abertura de um inquérito ou a um arquivamento, em um prazo de 30 dias. Os despachos são assinados pela subprocuradora-geral da República, Luiza Frischeisen, coordenadora da Câmara Criminal.

Além desses casos, a PF abriu 48 inquéritos para investigar os mais diversos crimes cometidos durante a greve, em 25 unidades da federação e no Distrito Federal – não há inquérito apenas no Amapá. O levantamento dos inquéritos, obtido pelo Globo, revela que Santa Catarina concentra o maior número de procedimentos: sete. Depois aparecem São Paulo, com seis inquéritos, e Mato Grosso do Sul e Paraná, com cinco cada.

Entre os outros casos em apuração no País há denúncias das mais diversas, de ameaças a motoristas à incitação à greve, passando pelas suspeitas de locaute – quando empresários aderem e incentivam uma greve de trabalhadores em busca dos próprios interesses. Há histórias simples, como a de um gerente de um posto de gasolina que deu comida a grevistas, em Goiás. 

Neste caso, a Justiça já negou pedido de busca e apreensão na casa do gerente e dos donos do posto, como queria a PF. No Rio Grande do Sul, está um dos casos mais avançados e documentados, inclusive com vídeo, de suposta prática de locaute.

Bonito Informa
Avenida 09 de Julho 2135 - Centro - Bonito/MS/MS
(67) 99638-6610rogerio@bonitoinforma.com.br
© Bonito Informa. Todos os Direitos Reservados.