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Internacional - Guerra

Malvinas vira foco de tensão três décadas após guerra

20 Jan 2012 - 07h57

A recente troca de acusações entre dirigentes da Argentina e do Reino Unido ameaça deteriorar e relação entre os dois países e reacende os temores de uma possível escalada na tensão entre as nações, que foram à guerra há quase 30 anos atrás.

Mais uma vez, o centro da discórdia são as Ilhas Malvinas, o pequeno arquipélago 500 km ao leste do extremo sul da Argentina, anexado pelo Reino Unido desde 1833.

Nesta semana, o premiê britânico, David Cameron, respondendo a novas iniciativas do governo Cristina Kirchner para pressionar por negociações sobre o futuro das Malvinas (chamadas de ilhas Falkland pelos britânicos), acusou a Argentina de estar adotando uma postura "colonialista", afirmação respondida no mesmo tom de acusação por ministros argentinos.

Desde o fim do conflito, deflagrado em abril de 1982, a Argentina insiste que negociações bilaterais sejam abertas para tratar da soberania das ilhas, enquanto o Reino Unido diz que não há o que discutir, já que os moradores do local (chamado em inglês de ilhas Falkland) querem permanecer cidadãos britânicos.

No entanto, enquanto David Cameron mantém a postura de seus antecessores, tanto conservadores quanto trabalhistas, seus colegas argentinos vêm desfechando uma ofensiva diplomática para fortalecer a sua posição.

Recentemente, o requerimento de Buenos Aires obteve o apoio da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), assim como da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Além disso, os países do Mercosul aderiram a uma moção para não permitir a entrada de barcos que levem a bandeira das Malvinas em seus portos, medida que Londres inicialmente classificou de "bloqueio".

Em ocasiões anteriores, ambos os países afirmaram quem, acima de tudo, está o interesse de manter a paz. Mesmo a Argentina, que é parte demandante, disse várias vezes que sua reivindicação é pacífica.

DECLARAÇÕES ÁSPERAS

Observadores dentro e fora do Cone Sul concordam que a situação geopolítica mudou muito desde os anos 1980, quando ocorreu a guerra. Em geral, há um consenso de que um novo conflito armado é improvável. No entanto, as declarações recentes de ambas as partes chama a atenção por sua aspereza.

David Cameron disse que a questão das Malvinas foi tratada na última terça-feira com o Conselho de Segurança Nacional. "Devo me certificar de que nossas defesas estão em ordem", disse o primeiro-ministro aos parlamentares britânicos.

Já no início desta semana, um navio de cruzeiro que se dirigia à Antártida, ocupado por centenas de passageiros de diversas nacionalidades, foi impedido de desembarcar nas Malvinas por supostas questões de saúde.

O governo das ilhas afirmou que vários passageiros apresentavam um quadro de gastroenterocolite, motivo pelo qual foram impedidos de desembarcar. Relatos publicados na mídia indicaram a surpresa dos integrantes da tripulação do navio, diante do que consideraram uma medida extremamente rigorosa.

O episódio foi referido pela chancelaria argentina, que emitiu um comunicado criticando a ação do "governo ilegítimo e autodenominado" das Malvinas, acrescentando que esperavam que este não se tratasse "do enésimo ato hostil".

COLONIALISMO

As rusgas mais recentes foram verificadas na última terça-feira, quando a postura argentina foi chamada de "colonialista" pelo primeiro-ministro britânico. "Essas pessoas (os habitantes das Malvinas) querem continuar sendo britânicos, e a Argentina pretende o contrário", disse Cameron.

A resposta argentina veio por meio do ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman. "Chama a atenção que o Reino Unido fale de colonialismo, quando é um país sinônimo de colonialismo", disse ele, durante viagem a El Salvador.

"Chama a atenção também que o Reino Unido acuse um país como a Argentina, que é vítima de uma situação colonial, como expressaram as Nações Unidas ao definir as Malvinas como uma questão de soberania e colonialismo", acrescentou Timerman.

O ministro se refere a uma resolução da ONU emitida em 1965, onde a postura britânica é descrita como uma forma de colonialismo. Desde então, as Nações Unidas pedem que as duas partes negociem uma saída.

Em visita ao Brasil, o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, disse que a posição de seu país sobre as ilhas é "bem conhecida" e não vai mudar.

"Acreditamos na autodeterminação do povo das ilhas Falkland e apoiamos seus direitos", afirmou Hague na quarta-feira, após um almoço com seu colega brasileiro, Antonio Patriota.

APOIO BRASILEIRO

Por sua vez, o chanceler brasileiro reiterou o apoio brasileiro à posição argentina.

"As decisões da Unasul e do Mercosul são públicas, e o ministro Hague sabe que o Brasil e a Unasul apoiam a soberania argentina sobre as Malvinas, e nós apoiamos as resoluções das Nações Unidas para que os dois países discutam a questão", disse, após a reunião com seu colega britânico.

No entanto, as próprias ilhas parecem apoiar amplamente a posição britânica. "Temos o direito absoluto à autodeterminação. Ninguém nos pode tirar isso", disse à BBC Dick Sawle, representante das ilhas no Parlamento, em Londres.

"Temos o direito estabelecido na ata da ONU que a Argentina decidiu seguir ignorando."

As Malvinas também foram motivo de tensão renovada entre Argentina e Reino Unido a partir de 2010, quando empresas britânicas começaram a prospectar petróleo nas águas profundas próximas às ilhas.

Vários projetos de exploração de petróleo estão em curso na região, mas ainda não foi comprovada a existência de reservas de hidrocarbonetos.

CORTES ORÇAMENTÁRIOS

O jornal britânico Financial Times afirmou recentemente, citando analistas, que o interesse do governo de Cristina Kirchner no tema das Malvinas visa desviar a atenção do público para uma agenda de cortes orçamentários, mesmo depois de ter aumentado gastos em sua campanha para a reeleição.

No entanto, segundo apurou a BBC Mundo em Buenos Aires, há uma espécie de acordo político entre grupos governistas e de oposição sobre a polêmica das ilhas.

Na última campanha presidencial, quando questionados sobre as Malvinas, todos os principais candidatos disseram que manteriam a estrategia implementada por Cristina.

Já as declarações de Cameron sobre sua reunião com o Conselho de Segurança Nacional coincidem com o anúncio de cortes nos gastos militares.

Apesar da recente tensão entre os dois países, acredita-se que a possibilidade de uma escalada que culmine num eventual enfrentamento militar, como em abril de 1982, seja remota.

"Politicamente, a escalada não é uma opção. Da parte dos britânicos, seria algo muito custoso, e vários países, inclusive o próprio Reino Unido, estão reformulando seus gastos militares", disse à BBC Brasil Luis Fernando Ayerbe,coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp,

"Já a Argentina não faria isso, por ter um poderio desproporcionalmente menor do que o Reino Unido."

Para Ayerbe, a Argentina tem instrumentos fracos para pressionar os britânicos a negociar uma saída para as Malvinas.

"A postura do Mercosul de banir navios britânicos é um passo, mas não é algo que vá colocar o Reino Unido contra a parede. Se eles não quiserem abrir o diálogo, nada vai acontecer, o Reino Unido não vai ser isolado ou retaliado", afirma.

Segundo o especialista, as medidas argentinas têm um maior efeito político, ao levantar questões sobre o colonialismo e recordando casos como o de Hong Kong, que o Reino Unido devolveu à China após mais de 150 anos de domínio.

  • com reportagem de Vladimir Hernández, da BBC Mundo em Buenos Aires

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