Menu
quinta, 18 de abril de 2024
Busca
praia parque cachoeiras

Estudos apontam falhas em cálculos sobre extinção

7 Jul 2011 - 14h28Por Estadão.com

Estudos recentes questionam métodos científicos consagrados para estimar o risco de extinção de espécies. Para os autores, a crise da biodiversidade é um fato inegável, mas há o perigo de se utilizar dados pouco confiáveis na definição de políticas ambientais. Na prática, previsões erradas comprometem a eficácia dos projetos, estimulam o desperdício e causam descrédito.

Um trabalho publicado na revista Nature, por exemplo, mostra porque estavam erradas diversas estimativas do início da década de 1980. Muita gente achava que, até o fim do milênio, metade das espécies de seres vivos teria sido extinta - profecia que, felizmente, não se cumpriu.

Na última década, surgiram novos anúncios de cataclismos na biodiversidade. Um dos mais famosos relaciona aquecimento global e extinção em massa. O trabalho, publicado há sete anos na própria Nature, previa a extinção de até 50% das espécies até 2050 como saldo do efeito estufa. A notícia mereceu manchetes, mas tudo indica que o porcentual está inflacionado.

Em ambos os casos, os cientistas partiram de um método conhecido como Relação Espécies-Área (SAR, na sigla em inglês), utilizado para estimar quantas espécies novas são descobertas quando se explora um hábitat desconhecido.

Simplesmente inverteram a lógica e criaram o SAR reverso: se um biólogo encontra, em média, três espécies novas quando vasculha 40 quilômetros quadrados de Mata Atlântica, a destruição da mesma área do bioma traria consigo a extinção de três espécies. Certo? Errado.

O chinês Fangliang He e o americano Stephen Hubbell, do Instituto Smithsonian, mostraram que as estimativas obtidas com o SAR reverso podem oferecer valores até duas vezes maiores que a realidade (entenda o motivo do erro no infográfico).

Alguns ecocéticos chegaram a perguntar "Onde estão os cadáveres previstos?", para depois concluir: "A crise da biodiversidade é um mito." Tudo o que os autores do paper da Nature querem evitar. Eles admitem que os resultados do estudo podem ser usados para sabotar esforços conservacionistas e defender a ideia de que a destruição de biomas não é um problema.

"Não há dúvida de que a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (levantamento solicitado pelas Nações Unidas sobre o meio ambiente) identificou corretamente a perda de hábitats como a principal ameaça à biodiversidade na Terra", esclarece o artigo. "E a sexta extinção em massa (da história do planeta) já deve ter começado ou está iminente."

A ressalva não poupou o trabalho de críticas. Michael Rosenzweig, da Universidade do Arizona, foi um dos revisores do estudo e suplicou à Nature que não o publicasse. "Estava desesperado", afirma Rosenzweig. "Fiquei chocado com o artigo."

Os autores sugerem outra abordagem para realizar as estimativas. Nada muito novo: um método conhecido como Relação Endemismo-Área, proposto em 1997 por Ann Kinzig e John Harte, da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Contudo, os pesquisadores só dispõem de forma incompleta dos dados que o método exige. Em concreto, um relatório com dados confiáveis de endemismo - distribuição geográfica das espécies do bioma estudado.

Lista. Outro trabalho, divulgado na PLoS Biology, questiona a validade de um dos instrumentos mais usados em políticas conservacionistas: a lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Pesquisadores americanos, britânicos e sul-africanos compararam os vegetais presentes na lista vermelha da África do Sul e da Grã-Bretanha com dados genéticos e levantamentos em campo.

Eles afirmam que a lista inclui espécies que não estão ameaçadas. "Espécies mais jovens costumam parecer sempre em alto risco de extinção pelo simples fato de não terem tido tempo de crescer e se diferenciar", argumenta o biólogo Jonathan Davies, da Universidade McGill, nos EUA.

O grupo advoga a necessidade de estudos filogenéticos que ajudem a determinar qual é a história de cada espécie.

Gustavo Martinelli, do Jardim Botânico do Rio, concorda. "Dado genético é importantíssimo", afirma. "Mas não é fácil obtê-los. O Brasil, por exemplo, não tem nem gente suficiente para fazer estudo filogenético de suas 40 mil espécies de flora. E não dá para esperar esse tipo de informação para começar a preservar."

Martinelli é responsável pela atualização da lista vermelha da flora brasileira. Seu grupo analisará até maio do próximo ano cerca de 3 milhões de registros de 5 mil espécies para definir a lista.

A nova lista da fauna ameaçada está sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Segundo Ugo Vercillo, coordenador-geral de espécies ameaçada do órgão, os critérios da IUCN possuem outra vantagem: como são usados em todo mundo permitem comparações com outros países.

Leia Também

Ministério Público cita lei de Paulo Corrêa para exigir prescrição médica legível em MS Política
Ministério Público cita lei de Paulo Corrêa para exigir prescrição médica legível em MS
Baleada em atentado em Ribas do Rio Pardo perde o olho direito Caso de polícia
Baleada em atentado em Ribas do Rio Pardo perde o olho direito
Mato Grosso do Sul registra 5.754 casos confirmados de dengue Boletim
Mato Grosso do Sul registra 5.754 casos confirmados de dengue
Professor é acusado pela mulher de estuprar a própria filha em cidade de MS Caso de polícia
Professor é acusado pela mulher de estuprar a própria filha em cidade de MS
Aluna escreve bilhete pedindo ajuda após ser estuprada em MS Caso de polícia
Aluna escreve bilhete pedindo ajuda após ser estuprada em MS
Governos de MS e MT e Ministério do Meio Ambiente assinam termo de proteção do Pantanal Parceria
Governos de MS e MT e Ministério do Meio Ambiente assinam termo de proteção do Pantanal
Menino de 7 anos leva tiro enquanto brincava no quintal de casa em MS Caso de polícia
Menino de 7 anos leva tiro enquanto brincava no quintal de casa em MS
Diversificação de culturas cresce, com aumento na produção de amendoim, mandioca, arroz e feijão EM MS
Diversificação de culturas cresce, com aumento na produção de amendoim, mandioca, arroz e feijão
Bonito recebe visita técnica de gestores públicos de Minas Gerais Visita Especial
Bonito recebe visita técnica de gestores públicos de Minas Gerais
Mulher leva idoso morto em cadeira de rodas para sacar empréstimo de R$ 17 mil Impressionante
Mulher leva idoso morto em cadeira de rodas para sacar empréstimo de R$ 17 mil
Bonito Informa
Avenida 09 de Julho 2135 - Centro - Bonito/MS/MS
(67) 99638-6610rogerio@bonitoinforma.com.br
© Bonito Informa. Todos os Direitos Reservados.