As gravações telefônicas da investigação sobre o esquema de corrupção no Ministério do Turismo revelam a tentativa de seus integrantes, incluindo servidores da pasta, de atrapalhar o inquérito da Polícia Federal. "Pega todos os talões de notas, meu notebook, procura ver onde ele tá e guarda", diz o empresário Hugo Leonardo a Fabiana Lopes Freitas, em conversa no último dia 21 de julho.
"Todos, vai pegar todos, todos", orienta, num diálogo dez minutos depois. Os dois, segundo a investigação, trabalham na Sinc Recursos Humanos e Automação, uma das empresas de fachada envolvidas no esquema do Turismo. Para a polícia, o diálogo é "claro indicativo" de que o empresário estava "ocultando provas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Hugo Leonardo é um dos 35 presos pela Operação Voucher na terça-feira por ligação com fraudes no convênio entre o Ministério do Turismo e o Ibrasi.
"Bota tudo dentro do carro, pega a maletinha dele e leva tudo lá pro Humberto", diz o investigado à funcionária. Humberto, segundo a investigação, é Humberto Silva Gomes, que também estaria envolvido no esquema por meio da empresa Barbalho Reis Comunicação e Consultoria.
Numa conversa com um interlocutor no dia 28 de julho, Humberto afirma: "Estão fechando o cerco. Já começaram as visitas". Do outro lado da linha, uma pessoa não identificada pela PF responde: "Virgem Maria, então vai bater aqui também". "Telefone é proibitivo agora", reage Humberto.
Esse comportamento dos investigados, segundo o Ministério Público , é um dos motivos que justificariam a prisão deles.